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China tem nova carta pró-democracia
Em texto divulgado na internet, mais de cem dissidentes defenderam também a libertação do Nobel da Paz
Documento coincide com o início do encontro da cúpula do Partido Comunista Chinês, que vai durar quatro dias
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Mais de cem dissidentes e
ativistas dos direitos humanos assinaram ontem uma
carta na qual elogiam a "esplêndida escolha" do dissidente Liu Xiaobo como Nobel da Paz de 2010 e pedem
sua imediata libertação.
A divulgação coincide
com o início do encontro
anual do Partido Comunista
Chinês, que dura quatro dias.
Os autores afirmam ainda
que a nomeação deveria empurrar a China para uma reforma democrática.
O documento segue a
grande repercussão em todo
o mundo da escolha de Liu,
ele próprio um defensor da
reforma do sistema unipartidário chinês e condenado a
11 anos de prisão por sua participação na Carta 08, um
protesto similar pela abertura democrática na China.
Segue ainda manifestações pró-reforma cada vez
mais audíveis -e censuradas- na própria China.
Há apenas quatro dias, um
grupo de 23 antigos membros
do Partido Comunista chinês
divulgou uma carta aberta
pela liberdade de imprensa.
O documento foi retirado da
internet no mesmo dia.
O próprio premiê chinês,
Wen Jiabao, defendeu recentemente uma reforma política no país e foi censurado pelos veículos estatais.
Os autores da carta alegam
estar prontos "para se engajar ativamente neste esforço"
promovido por Wen, que
mostra o racha no Partido Comunista, mas não foi suficiente para inspirar abertura.
Os dissidentes admitem,
contudo, que dificilmente
devem causar uma mudança
no sistema de governo chinês. Mas o novo protesto se
une a um coro de reformistas
que promete causar problemas a Pequim.
"Pode não ter um impacto
neles, mas nós estamos assinando [a carta] pelo bem de
nossa própria consciência",
disse um dos autores, o jornalista Li Datong.
Outro dos signatários, Xu
Youyu, foi mais otimista.
"No longo prazo, eu estou
mais esperançoso que atos
como este possam fazer a diferença", afirmou o dissidente à agência de notícias Reuters, por telefone.
LIBERDADE
A carta de ontem pede ainda às autoridades que "libertem imediatamente as pessoas que foram ilegalmente
detidas", incluindo Liu. "Ele
perseverou na busca dos objetivos da democracia e governo constitucional e colocou de lado a raiva mesmo
contra aqueles que o perseguiram."
Liu foi detido em 2008,
dois dias antes da divulgação
da Carta 08. No ano seguinte,
foi condenado a 11 anos de
prisão por subversão do poder do Estado.
"Nós pedimos que os procedimentos para libertar Liu
Xiaobo sejam tomados sem
demora e que Liu e sua mulher possam viajar a Oslo para aceitar o Nobel", escreveram os dissidentes na carta,
que circulou pela internet.
A China diz que Liu é um
criminoso e que dar a ele o
Nobel da Paz é uma "obscenidade".
Pequim chegou a ameaçar
seus laços com a Noruega,
apesar de o governo não ter
voz na escolha do Instituto
Nobel, com sede em Oslo. A
notícia do Nobel foi censurada nos meios de comunicação. Aparentemente consciente do tamanho que toma
a repercussão, a China começa a fechar o cerco contra os
dissidentes.
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