São Paulo, quinta-feira, 16 de novembro de 2000

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ORIENTE MÉDIO
Protestos contra Israel marcam 15 de novembro
Choques com israelenses matam 8 palestinos no "Dia da Independência"

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Tropas israelenses mataram oito palestinos e feriram mais de 75 (18 em estado grave) ontem, em meio a protestos que recordaram o 12º aniversário da declaração simbólica de independência feita pelo líder palestino Iasser Arafat no exílio, na Argélia.
Os palestinos haviam adiado a proclamação de um Estado independente do último dia 13 de setembro para ontem, mas o novo adiamento e o funeral de três adolescentes palestinos mortos na segunda-feira intensificaram os confrontos.
Mais de dois terços (68,5%) dos palestinos apóiam a declaração de um Estado palestino ainda que isso resulte em uma guerra contra Israel, segundo pesquisa da Universidade de Bir Zeit, com 1.234 pessoas, divulgada ontem.
"Hoje (ontem) marca o início do processo de expulsar colonos armados e soldados israelenses dos territórios ocupados na Cisjordânia e em Gaza", disse Marwan Barghouthi, líder do Fatah (grupo político de Arafat) na Cisjordânia. A Autoridade Nacional Palestina proibiu disparos contra alvos israelenses a partir de regiões sob controle palestino. A intenção seria evitar bombardeios contra cidades palestinas.
O premiê israelense, Ehud Barak, reuniu-se com militares, e o Exército anunciou a detenção de 15 membros do Fatah. "O objetivo é frear a violência e julgar os que são responsáveis", disse.
O governo disse que deve abandonar sua "política de restrição" nos choques com palestinos.
Ontem, foi enterrada em Jerusalém Leah Rabin, viúva do premiê israelense Yitzhak Rabin, assassinado por um extremista judeu em 1995. Ela morreu no último domingo, aos 72 anos, de câncer no pulmão. A primeira-dama dos EUA, Hillary Clinton, eleita senadora, e o chanceler russo, Igor Ivanov, participaram do funeral.
"Ela dedicou a vida inteira à paz", disse o ex-chanceler israelense Shimon Peres, que, junto com Arafat e Rabin, recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 94.
Arafat não compareceu, mas enviou uma mensagem à família de Rabin, transmitida pela TV. "Coloco respeitosamente em seu caixão uma flor da Palestina, renovando meu compromisso com a paz -a paz dos bravos que acreditava ser minha escolha inevitável e meu caminho", disse. "Neste triste momento, afirmo que há perspectiva de luz e esperança no fim do túnel sombrio."
A chefe do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, Mary Robinson, que visitou feridos palestinos, se disse "muito preocupada com o uso excessivo de força" por parte de Israel: "Houve uma quantidade desproporcional de ferimentos na parte superior dos corpos, com munição real ou balas de borracha disparadas de muito perto. Fiquei chocada".
A onda de violência já deixou ao menos 222 mortos e mais de 8.000 feridos -dos quais 1.200 ficarão incapacitados, segundo cálculos de Amira Has, do jornal israelense "Haaretz". A grande maioria das vítimas é palestina.


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