São Paulo, sexta-feira, 16 de novembro de 2001

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EUA dizem que mataram líderes

Associated Press
Membro de força especial dos EUA caminha em Khwaja Bahuaddin, bastião da Aliança do Norte, durante visita de chefe de agência de ajuda humanitária americana


Washington afirma que ataques eliminaram membros da rede terrorista Al Qaeda e do Taleban

DA REDAÇÃO

O Pentágono afirmou ontem que dois ataques norte-americanos a alvos no Afeganistão durante esta semana mataram líderes do Taleban e da rede terrorista Al Qaeda. Segundo a porta-voz Victoria Clarke, não há evidências de que Osama bin Laden, comandante da Al Qaeda, e o mulá Mohamad Omar, líder supremo do Taleban, estivessem nos locais atingidos por bombas dos EUA.
O Departamento da Defesa disse que "alguns líderes" estavam reunidos nas duas casas atacadas por aviões de guerra norte-americanos. A primeira ofensiva ocorreu na terça, contra uma casa em Cabul, e a segunda, ontem, sobre alvo em Candahar. O Pentágono não soube informar quantos e quais seriam esses líderes.
A porta-voz afirmou ainda que forças especiais norte-americanas estão atuando no sul do Afeganistão, em busca de integrantes do Taleban e da Al Qaeda e com o objetivo de estimular líderes locais a se rebelar contra o Taleban.
Segundo Clarke, há um "número modesto" de homens, atuando em pequenos grupos. Segundo outros funcionários do Pentágono, são cerca de cem americanos participando das missões especiais, que incluem a revista daqueles que circulam pelas principais estradas do país.
A tentativa de diálogo com grupos tribais do sul afegão foi confirmada pelo general Richard Myers, chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas. "Estamos empenhados em ajudar alguns líderes do sul, para consolidar seu domínio na região." O secretário-adjunto da Defesa dos EUA, Paul Wolfowitz, também relatou negociações: "Estamos conversando com alguns e continuamos a procura de outros".
Segundo o general Tommy Franks, encarregado das operações militares no Afeganistão, "forças dos EUA estão fechando o cerco sobre a Al Qaeda" e sua destruição "é questão de tempo".
No Pentágono, a porta-voz Victoria Clarke voltou a afirmar que, mesmo com o enfraquecimento do Taleban, os EUA não pretendem interromper sua ofensiva no Afeganistão no Ramadã, mês sagrado para os muçulmanos, que começa neste fim de semana.
"Nós somos muito sensíveis às questões muçulmanas, mas os terroristas não estão parando para uma pausa. E nós também não". Nos últimos dias, aviões dos EUA realizaram 136 missões no Afeganistão, bombardeando principalmente alvos em Cunduz, resistência do Taleban no norte, Candahar e em montanhas do sul, onde, segundo os americanos, comandantes do Taleban e da Al Qaeda podem estar escondidos.
Em entrevista ao jornal "The New York Times", o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, afirmou que uma preocupação central dos EUA agora é com a frota de helicópteros do Taleban. Três quartos da frota teriam sido destruídos, mas, segundo ele, o terrorista saudita ainda pode ter acesso aos aparelhos. "Voando baixo, com tempo ruim, um helicóptero pode escapar da detecção por radar e sair do país", declarou.
O Afeganistão não é "uma garrafa que pode ser fechada com uma rolha, mas um enorme país com muitas fronteiras", disse. "Devemos ser realistas. Podemos encontrá-lo no Afeganistão ou em qualquer outro país."
O Paquistão declarou ontem ter enviado reforços à fronteira com o Afeganistão para evitar que Bin Laden e membros da Al Qaeda e do Taleban entrem no país.
Um porta-voz do Taleban citado pela agência "AIP", ligada ao grupo extremista, disse: "Osama decidiu que prefere morrer a se entregar aos americanos".

Com agências internacionais

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