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REAÇÃO
EUA serão destruídos, diz mulá Omar
Líder do Taleban afirma à rádio BBC que, "se Deus quiser", o país inimigo será "extinto"
DA REDAÇÃO
O líder do Taleban, mulá Mohamad Omar, disse ontem, em entrevista à BBC de Londres, que a
crise no Afeganistão está ligada a
uma grande causa: a destruição
dos EUA. Segundo ele, um plano
para derrubar os EUA está sendo
implementado. Omar também
disse que o Taleban não aceita
participar de um governo de coalizão nacional e que o grupo está
fazendo uma investigação para
identificar militantes desleais que
fugiram da luta.
O líder do Taleban raramente
fala com a imprensa. Para entrevistá-lo, o serviço afegão da BBC
fez as perguntas a um intermediário do Taleban por meio de um telefone por satélite. Ele passou as
perguntas a Omar por rádio e, depois, colocou o bocal do telefone
no transmissor para que as respostas fossem ouvidas.
Até hoje, nenhum jornalista ocidental conseguiu se encontrar
com o líder do Taleban, que vive
recluso em sua casa, em Candahar, no sul do Afeganistão. Ele
não se deixa fotografar ou filmar e
aparece brevemente apenas numa reportagem gravada em segredo pela BBC cinco anos atrás.
Para a maioria dos afegãos,
Omar não passa de um nome sem
rosto, mas os poucos que o conheceram dizem que ele tem cerca de 40 anos, é alto, tem barba escura e usa turbante preto.
Omar é amigo íntimo do milionário saudita Osama bin Laden,
acusado pelos atentados nos
EUA. Bin Laden lutou ao lado de
Omar contra a ocupação soviética
(1979-1989) e acredita-se que tenha financiado o avanço militar
do Taleban nos anos 90.
Além disso, Omar seria casado
com a filha mais velha de Bin Laden, enquanto a quarta mulher do
milionário saudita seria uma das
filhas de Omar. Leia a seguir a entrevista do líder do Taleban à
BBC.
Pergunta - O que o sr. acha da
atual situação no Afeganistão?
Mulá Omar - Vocês [a BBC" e as
rádios fantoches americanas geraram inquietação, mas a atual situação no Afeganistão está relacionada a uma causa maior, que é
a destruição dos EUA. Por outro
lado, uma investigação no Taleban [para saber quem é leal ou
não" também está em processo.
Vamos ver essas coisas ocorrerem
em pouco tempo.
Pergunta - O que sr. quer dizer
com destruição dos EUA? O sr. tem
um plano concreto para isso?
Omar - O plano está sendo levado adiante e, se Deus quiser, será
implementado. Mas essa é uma
tarefa gigantesca, que está além da
vontade e da compreensão dos seres humanos. Se Deus nos ajudar,
isso vai ocorrer em breve. Tenha
em mente esta previsão.
Pergunta - Osama bin Laden teria
ameaçado usar armas nucleares,
químicas ou biológicas contra os
EUA. Sua ameaça tem alguma relação com a ameaça dele?
Omar - Não é uma questão de armas. Esperamos a ajuda de Deus.
A verdadeira questão é a extinção
dos EUA. E, se Deus quiser, os
EUA serão derrubados.
Pergunta - Nos últimos dias vocês
perderam o controle de várias Províncias. Vocês ainda têm esperança
de recuperar o território perdido?
Omar - Nós temos a esperança
de que vocês vejam o mesmo tipo
de mudança que acabam de ver [a
perda e a retomada de território".
Pergunta - Qual a razão para um
recuo tão rápido? Por que seus homens fugiram das cidades? Vocês
foram bastante atingidos pelos
bombardeios americanos ou seus
soldados o traíram?
Omar - Eu já disse que isso está
relacionado a uma missão maior.
O Taleban pode ter cometido alguns erros. Investigar o Taleban
[para verificar a lealdade" é uma
grande tarefa. E esses problemas
podem servir para limpar [os desleais" de seus pecados. Mas há
uma grande mudança a caminho
também do outro lado.
Pergunta - Que Províncias estão
sob seu controle no momento?
Omar - Nós temos quatro ou cinco Províncias. Mas isso não é importante. No passado, não tínhamos nenhuma. Tivemos todas e
as perdemos em uma semana.
Então, o número de Províncias
não é importante.
Pergunta - Como sua participação num futuro governo já foi descartada, o sr. se oporia se alguns de
seus homens decidissem participar
do futuro governo, representando
o Taleban em geral ou os moderados do Taleban?
Omar - Não existe isso no Taleban. Todo o Taleban é moderado.
Existem duas coisas: extremismo
(fazer coisas excessivas) e conservadorismo (fazer coisas de forma
insuficiente). Seguimos o caminho do meio. A luta por um governo de base ampla vem sendo
travada há 20 anos, mas não resultou em nada. Não vamos aceitar um governo de malfeitores.
Preferimos a morte a fazer parte
de um governo do mal. Eu lhe digo, tenha isso em mente. Esta é
minha previsão. Você pode acreditar ou não. Mas temos de esperar para ver.
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