São Paulo, sexta-feira, 16 de novembro de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CÚPULA

Putin e Bush não obtêm acordo definitivo

Em clima amistoso, eles dizem que diferenças não impedirão aumento de confiança mútua

DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, George W. Bush, disse ontem que ele e seu colega russo, Vladimir Putin, não tinham conseguido chegar a um acordo definitivo quanto à possível construção de um sistema de defesa antimísseis por parte dos americanos, pouco antes do final da cúpula de três dias entre os dois chefes de Estado, em que prevaleceu um clima bastante amistoso.
"Temos opiniões diferentes", disse Bush durante uma sessão de perguntas feitas por estudantes da Crawford High School. "Mas nossas divergências não nos dividirão", acrescentou. Putin também participou do evento.
Os dois líderes também pareceram discordar quanto ao futuro das ogivas nucleares que serão removidas de mísseis, medida que faz parte de um acordo de redução de arsenal nuclear divulgado na última terça-feira. Bush quer que elas sejam destruídas, mas Putin prefere que seu futuro ainda seja negociado.
Putin, que se opõe ao abandono do Tratado Antimísseis Balísticos, firmado entre EUA e URSS em 1972, e à construção do escudo antimísseis, disse que a cúpula não tinha sido uma perda de tempo e anunciou que ambos pretendem continuar a discutir o tema.

Crença mútua
As novas negociações, de acordo com o presidente russo, terão como base a crença mútua de que novas ameaças, como o terrorismo, têm de ser enfrentadas. As relações entre os dois países tiveram uma melhora significativa depois dos atentados de 11 de setembro.
"Nossas opiniões diferem no que concerne ao modo e aos meios necessários para que cheguemos a um objetivo comum. Em razão da natureza das relações existentes entre os EUA e a Rússia, vocês podem ter certeza de que elas [as divergências" não ameaçarão os interesses de nossos países e do mundo, e devemos continuar nossas discussões", afirmou Putin.
Nos dois primeiros dias do encontro, Bush e Putin prometeram reduzir seus respectivos arsenais nucleares em dois terços. Bush disse que pretendia destruir as ogivas retiradas dos mísseis. "Pretendemos reduzir e destruir as ogivas, seus níveis serão significativamente inferiores", afirmou Bush.
Para Putin, o destino das ogivas ainda deve ser discutido em outros encontros. Ele não descarta a hipótese de simplesmente estocá-las em um "local seguro".
"O que faremos com as ogivas removidas ainda será negociado. O resultado dessas futuras negociações dependerá do nível de confiança existente entre os EUA e a Rússia", explicou Putin.
Questionado sobre a visita ao rancho do presidente americano, Putin expressou satisfação. "Ontem fizemos um churrasco e ouvimos música. Tudo isso com o propósito de aumentar o nível de confiança entre os dois países, seus líderes e seus habitantes."
"Se continuarmos a proceder dessa forma, certamente chegaremos a uma decisão aceitável para a Rússia, para os EUA e, sem dúvida, para o mundo inteiro", acrescentou Putin.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Segurança: United Airlines quer usar armas imobilizantes
Próximo Texto: Soldados britânicos chegam a base afegã
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.