São Paulo, sexta-feira, 16 de novembro de 2001

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Símbolos de poder são espezinhados

DO ENVIADO ESPECIAL

Como em toda vitória militar, ainda que não tenha havido a batalha decisiva, a tomada de Jalalabad pelos pashtus mantém a tradição de espezinhar os símbolos dos antigos donos do poder.
Como ofender a religião está fora de questão, porque os novos donos do poder são tão muçulmanos e têm visões às vezes tão puristas quanto o Taleban, sobrou para o palácio do governo.
O salão de reuniões do palácio, nada muito luxuoso, mas a anos-luz da média da cidade, foi ocupado ontem pelos jornalistas que não ficaram no hotel reativado no centro de Jalalabad.
Bandeirinhas do Taleban foram deixadas em cima das mesas como um troféu.
Os líderes pashtus, por sua vez, usaram o palácio à moda dos bolcheviques, quando tomaram o Palácio de Inverno de São Petersburgo. Salas destinadas a recepções oficiais viraram escritórios de trabalho para as diferentes facções. A vitória foi comemorada com um jantar em um antigo hotel no centro de Jalalabad, o Sitchai. Não houve brindes, embora não faltasse Pepsi-Cola para os visitantes. Água, de origem suspeita, também era servida em garrafas da imitação iraniana da Coca-Cola, uma certa Khosh-Govar.
À mesa, cerca de cem jornalistas e outros cem membros dos diversos grupos, como a Shura do Leste Afegão, que comanda boa parte da região. Enquanto os jornalistas ocidentais se iniciavam na arte de comer arroz e carneiro com as mãos, por falta de opção, os líderes pashtus foram de garfo e faca mesmo.
O esquema montado pelas lideranças pashtus, assessoradas por um jornalista italiano e uma argentina, para a retomada da região de Jalalabad visou dar o máximo de visibilidade à ação. (IG)



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