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Símbolos de
poder são
espezinhados
DO ENVIADO ESPECIAL
Como em toda vitória militar, ainda que não tenha
havido a batalha decisiva, a
tomada de Jalalabad pelos
pashtus mantém a tradição
de espezinhar os símbolos
dos antigos donos do poder.
Como ofender a religião
está fora de questão, porque
os novos donos do poder são
tão muçulmanos e têm visões às vezes tão puristas
quanto o Taleban, sobrou
para o palácio do governo.
O salão de reuniões do palácio, nada muito luxuoso,
mas a anos-luz da média da
cidade, foi ocupado ontem
pelos jornalistas que não ficaram no hotel reativado no
centro de Jalalabad.
Bandeirinhas do Taleban
foram deixadas em cima das
mesas como um troféu.
Os líderes pashtus, por sua
vez, usaram o palácio à moda dos bolcheviques, quando tomaram o Palácio de Inverno de São Petersburgo.
Salas destinadas a recepções
oficiais viraram escritórios
de trabalho para as diferentes facções. A vitória foi comemorada com um jantar
em um antigo hotel no centro de Jalalabad, o Sitchai.
Não houve brindes, embora
não faltasse Pepsi-Cola para
os visitantes. Água, de origem suspeita, também era
servida em garrafas da imitação iraniana da Coca-Cola,
uma certa Khosh-Govar.
À mesa, cerca de cem jornalistas e outros cem membros dos diversos grupos,
como a Shura do Leste Afegão, que comanda boa parte
da região. Enquanto os jornalistas ocidentais se iniciavam na arte de comer arroz e
carneiro com as mãos, por
falta de opção, os líderes
pashtus foram de garfo e faca mesmo.
O esquema montado pelas
lideranças pashtus, assessoradas por um jornalista italiano e uma argentina, para a
retomada da região de Jalalabad visou dar o máximo de
visibilidade à ação.
(IG)
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