São Paulo, sábado, 16 de novembro de 2002

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ÁSIA

Apesar do cargo, dirigente sofrerá a influência Jiang Zemin, seu antecessor, que colocou vários aliados no Politburo

Hu Jintao, 59, é o novo líder do PC chinês

DA REDAÇÃO

O vice-presidente Hu Jintao, 59, assumiu ontem a liderança do Partido Comunista da China (PC), o posto mais importante da estrutura política do país, o que fez dele o mais provável candidato a assumir a Presidência em março de 2003, quando Jiang Zemin, 76, deixará o cargo.
Jiang, que passou a liderança do PC a Hu, manteve, além da Presidência, o controle da Comissão Militar Central (CMC), como fez seu predecessor, Deng Xiaoping. Com isso, ele deverá tornar-se uma espécie de eminência parda da política chinesa. A CMC comanda as Forças Armadas chinesas, que têm cerca de 2,5 milhões de homens. Jiang foi reeleito para a liderança da CMC ontem.
Como novo secretário-geral do partido, Hu, principal expoente da quarta geração de líderes da China comunista, deverá guiar o país num momento de dramáticas mudanças sociais e reformas econômicas, que foram lançadas por Deng e por Jiang.
Porém, embora ocupe o cargo mais importante do país desde ontem, Hu poderá demorar muitos anos para conseguir livrar-se da sombra de Jiang, pois, além de controlar a CMC, o presidente obteve sucesso em sua tentativa de colocar vários de seus aliados no Politburo, a mais alta instância do PC chinês.
"Vamos trabalhar para mostrar que somos merecedores da confiança de todo o partido e da população chinesa", declarou Hu em Pequim. Ele afirmou ainda que todas as pessoas e todos os grupos étnicos chineses deverão unir-se para "desenvolver a economia e para modernizar a nação". Ele disse que tudo isso só será possível graças ao trabalho de seu predecessor, Jiang.
Pela primeira vez na história da China comunista -que teve início em 1949-, houve uma transferência de poder relativamente tranquila, sem sobressaltos. A China é o país mais populoso do planeta, com mais de 1,2 bilhão de habitantes.

EUA
O governo americano felicitou o novo líder do PC chinês e prometeu pressionar Pequim a fazer reformas econômicas, abrindo seus mercados à competição externa, e a defender os direitos humanos.
"Estamos ansiosos para trabalhar com a nova equipe. Continuaremos a trabalhar estreitamente com os líderes chineses em várias áreas. Temos uma importante relação com a China, que inclui direitos humanos, liberdades religiosas e laços econômicos", declarou Scott McClellan, porta-voz da Casa Branca.
Como parte do que chamou de "diálogo de alto nível entre líderes americanos e chineses", McClellan disse que o vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, deverá visitar a China no próximo ano. Porém a data da visita oficial ainda não foi revelada.
Em sua primeira visita a Washington, em maio passado, Hu disse que "problemas" relacionados a Taiwan, que a China considera uma "Província rebelde", poderiam atrapalhar a melhora dos laços entre os EUA e a China.
À época, porém, ele salientou que a tendência é que essas relações tenham um "futuro brilhante". Sua visita incluiu reuniões com o presidente George W. Bush, com Cheney e com outras autoridades americanas.
Segundo analistas ocidentais e chineses, a China parece decidida a melhorar suas relações com os EUA embora, por enquanto, isso signifique aceitar uma maior agressividade de Washington na cena internacional.
A China apresenta os maiores índices de crescimento econômico do planeta há cerca de uma década e despendeu bilhões de dólares para modernizar suas Forças Armadas nos últimos anos.
Mas, mesmo assim, segundo os analistas, ela parece pouco disposta a entrar em disputas diplomáticas com os EUA atualmente.


Com agências internacionais

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