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Secretário-geral articulou a carreira em silêncio
DA REUTERS
Um morreu na prisão. Outro,
num misterioso desastre de avião.
Um terceiro ainda vive em prisão
domiciliar no centro de Pequim.
Ser o principal herdeiro do poder
na China comunista é algo perigoso.
Por isso não surpreende que Hu
Jintao tenha mantido um perfil
discreto após ter sido designado,
há dez anos, para suceder ao líder
do Partido Comunista Jiang Zemin. Hu, 59, aguardou calado nos
bastidores -enquanto os rivais
tentavam adivinhar traços de sua
personalidade e de sua conduta
política- após se tornar, em
1992, o mais jovem membro do
Politburo, principal órgão executivo do partido.
A hora de atrair os holofotes
chegou ontem, quando assumiu
formalmente a liderança do partido, encabeçando a "quarta geração" de líderes após Mao Tsé-tung, Deng Xiaoping e Jiang.
Para observadores estrangeiros,
ele é um mistério. Sabe-se que
conquistou respeito no espectro
político regional por sua capacidade de construir consenso entre
grupos de interesses contrários.
E, à medida que a idade de Jiang
avançar e o seu poder diminuir,
Hu poderá usar as conexões feitas
nas Províncias e em cargos anteriores na capital para ampliar a
sua autoridade sobre o partido.
Engenheiro hidráulico de formação, ele se lançou na política
em regiões periféricas chinesas
como Guizhou e depois no Tibete,
onde fez a sua fama ao coordenar
a repressão dos protestos pró-independência de 1988-89.
"Longos anos de trabalho em
áreas remotas e pobres habitadas
por minorias étnicas marcaram a
personalidade de Hu e fizeram
dele um ávido simpatizante das
políticas de reforma e da abertura", diz a sua biografia oficial no
web site do "Diário do Povo", jornal do Partido Comunista.
O atual chefe do partido no Tibete, Guo Jinlong, afirma que Hu
é um homem do povo, um reformista econômico e um político
corajoso. "Ele ficava à vontade na
companhia do grande público e
era muito respeitado", contou. "É
claro que, ao manter nossa posição contra o separatismo, ele tinha de ser muito firme."
Segundo um jornalista que encontrou o novo líder chinês em
Lhasa (capital tibetana), entretanto, Hu passou pouco tempo na região montanhosa, já que se sentia
mal com os efeitos da altitude.
Após se mudar para Pequim, ficou claro que a carreira de Hu ganhara impulso -um de seus primeiros cargos foi no poderoso secretariado do partido, onde ajudou a articular a estrutura do PC.
Em 1993, ele assumiu o controle
da Escola do Partido Central, organismo de pesquisa e treinamento que começou a estudar
formas de revitalizar o PC chinês
para evitar que tivesse o mesmo
destino tomado por partidos socialistas do Leste Europeu.
Sua posição como sucessor de
Jiang foi consolidada quando se
tornou vice-presidente, em 1998,
e vice-secretário-geral da Comissão Militar Central, em 1999.
No ano passado, pela primeira
vez Hu Jintao se arriscou a projetar sua imagem internacionalmente, com visitas aos EUA
-onde manteve dois encontros
com o presidente George W.
Bush- e à Europa.
Analistas políticos dizem que,
em razão da variedade de cargos
que ocupou, acumulou uma rede
de contatos que permite a ele
transitar nas Províncias e entre os
militares, embora não os domine.
Poucos detalhes sobre a vida
pessoal de Hu são conhecidos, exceto que gosta de dançar, jogar tênis de mesa e que possui uma memória fotográfica.
Quanto à sua orientação política, alguns o classificam como um
linha-dura, usando como exemplos o seu papel no Tibete e um
discurso em que apoiou protestos
contra os EUA após um bombardeio da Otan ter atingido a embaixada chinesa em Belgrado, em
1999. Outros o vêem como um liberal, em razão do seu passado na
direção da escola do partido.
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