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São Paulo, domingo, 16 de novembro de 2003

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GUERRA SEM LIMITES

Governo turco vê possível ligação com a Al Qaeda em explosões de carros-bomba que feriram 302

Ataque a sinagogas mata 20 em Istambul

Hurriyet/Reuters
Corpos de vítimas do atentado com carro-bomba contra a sinagoga Neve Shalom, a maior de Istambul, no centro da cidade turca


DA REDAÇÃO

Ao menos 20 pessoas morreram e 302 ficaram feridas ontem em Istambul (Turquia) após a explosão quase simultânea de dois carros-bomba diante de duas sinagogas durante a celebração do Shabat, o dia judaico de descanso e orações. Um grupo extremista islâmico reivindicou os ataques, mas autoridades turcas disseram que a rede terrorista Al Qaeda poderia ser a responsável.
"Está claro que é um evento terrorista com ligações internacionais", disse o chanceler Abdullah Gul. Já o ministro do Interior, Abdulkadir Aksu, disse que não podia descartar uma ação da Al Qaeda, responsabilizada por ataques contra outros alvos judaicos.
Segundo a polícia, uma câmera de segurança teria filmado um motorista saindo de um carro após estacioná-lo diante da sinagoga pouco antes da explosão. O estacionamento era proibido diante das sinagogas. Há ainda a hipótese de motoristas suicidas terem guiado os carros.
"Nos dois casos, vans foram levadas aos alvos. Acreditamos que continham o mesmo tipo de explosivos, foram o mesmo tipo de ataque", disse Aksu.
Explosões simultâneas em locais diferentes são consideradas marca registrada da Al Qaeda do saudita Osama bin Laden, responsável pelo 11 de Setembro.
As explosões atingiram a sinagoga de Neve Shalom ("oásis da paz", em hebraico), a maior da cidade, e Beit Israel, no bairro de Sisli, por volta das 9h30 locais.
Ao menos um policial que fazia a segurança das sinagogas está entre os mortos. Segundo relatos, a maioria das vítimas seria de não-judeus que estavam na rua.
Em nota, o ministro da Saúde turco, Recep Akdag, informou que 217 dos 302 feridos receberam alta e quatro estão internados em estado grave.
O grupo extremista turco Grandes Cavaleiros Islâmicos Orientais/Frente, que teria apoio do Irã, assumiu o atentado em ligação à agência turca Anatólia, mas o ministro Aksu duvidou da sua capacidade. "É difícil a qualquer grupo baseado na Turquia realizar um ataque dessa magnitude", disse.
A predominantemente muçulmana Turquia integra a Otan (aliança militar ocidental liderada pelos EUA) e recentemente ofereceu tropas para ajudar na ocupação do Iraque, mas depois retirou a oferta por causa de oposição iraquiana. O país tem também fortes relações diplomáticas e militares com Israel, que considerou os atentados como "ataques terroristas criminosos".
Uma fonte de segurança de Israel disse que as explosões pareciam ser obra de um grupo afiliado à Al Qaeda buscando atingir Israel, a comunidade judaica e o moderado governo turco.
"As explosões querem atingir a estabilidade e a paz da Turquia", disse o premiê turco, Recep Tayyip Erdogan, que as chamou de "ataque contra a humanidade".
Alvos judaicos foram atingidos em ataques recentes atribuídos a terroristas ligados à Al Qaeda, como em Casablanca (Marrocos), em maio, na Tunísia, em abril de 2002, e no Quênia, em novembro.
Vários países condenaram os atentados. "Os EUA estão firmes ao lado de seu aliado", disse nota do governo, que ofereceu ajuda à Turquia "para reagir a esse odioso terror e a seus perpetradores". O secretário de Estado Colin Powell ligou para seu colega turco.
A França e a Alemanha ressaltaram, em notas ao governo turco, a luta contra o anti-semitismo e o terror. "Que o alvo desse terror bárbaro tenha sido uma sinagoga onde as pessoas se reuniram para orar no Shabat nos enche de horror", disse o ministro do Exterior alemão, Joschka Fischer.
O papa João Paulo 2º convocou o mundo "a agir em favor da paz e contra o terrorismo".

Com agências internacionais


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