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São Paulo, domingo, 16 de novembro de 2003

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COMENTÁRIO

A justa guerra ao terrorismo

SÉRGIO MALBERGIER
EDITOR DE MUNDO

A necessidade de travar uma guerra contra o terrorismo, mais uma vez, mostrou-se primordial ontem nas ensanguentadas ruas de Istambul.
Desde o 11 de Setembro, os EUA de George W. Bush assumiram essa bandeira como a sua maior prioridade. Ter a única hiperpotência global liderando essa justa luta garante a ela meios fabulosos, mas acaba alienando países e apoio popular devido aos métodos do presidente americano, que geram grande antipatia global, principalmente sua ação unilateral no Iraque.
Nem as tímidas iniciativas da ONU de impor obrigações na guerra ao terror vêm sendo cumpridas por dezenas de países, como indicou relatório da organização divulgado recentemente.
E, se falta resolução a muitos dirigentes para colocar o combate ao terrorismo na ordem do dia, isso não ocorre com grupos como a rede Al Qaeda, de Osama bin Laden, e suas franquias disseminadas pelo mundo.
Seu terrorismo niilista tem o objetivo de conquistar as mentes do mundo muçulmano e uni-lo em torno de sua arcaica e violenta abordagem do islamismo. Nada de democracia, nada de valores ocidentais: os muçulmanos deveriam viver, para eles, de acordo com uma interpretação extrema, misógina e autocrática do islã.
Atacando alvos ocidentais e judaicos, tentam ganhar apoio das maltratadas massas muçulmanas, que vivem sob regimes ditatoriais incapazes de promover o progresso humano.
Esses regimes, frágeis por sua própria dissociação de suas populações, não têm geralmente força para combater os fanáticos arregimentadores de terroristas.
Estudo de acadêmicos árabes, elaborado a pedido da ONU, pelo segundo ano seguido mostrou a completa estagnação socioeconômica do mundo árabe. É a melhor explicação para a onda terrorista islâmica que assola o início deste novo século, não as políticas equivocadas de Bush ou de Israel. Bin Laden quer governar os árabes, não destruir a América.
Bush afirma que a Guerra do Iraque servirá para levar a democracia e a liberdade ao mundo árabe e islâmico, desarmando a bomba terrorista. Mas o caótico Iraque ocupado parece estar tão longe da democracia hoje quanto os seus vizinhos.
O presidente americano fracassou na sua aspiração de liderar o mundo livre na luta essencial contra o terrorismo. Mas a necessidade de travá-la mostra-se quase diariamente em explosões que sacodem o planeta.


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