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Comandante brasileiro da missão nega denúncias
CAROLINA VILA-NOVA
DA REDAÇÃO
O comandante militar da Missão de Estabilização da ONU no
Haiti (Minustah), general Urano
Bacellar, afirmou ontem não ter
tido acesso ao relatório apresentado à OEA.
A pedido da Folha, o general
respondeu a algumas das denúncias citadas, mas ressaltou que a
posição oficial da missão seria
emitida pelo seu chefe diplomático, o embaixador Juan Gabriel
Valdés, que não foi encontrado
até o fechamento desta edição.
O general brasileiro confirma
que houve participação de soldados brasileiros na operação de 6
de julho de 2004 na favela de Cité
Soleil, em Porto Príncipe, ao lado
de soldados jordanianos. Liderou
a ação o general Augusto Heleno
Ribeiro Pereira, então comandante militar da Minustah.
"A operação de 6 de julho foi
realizada de acordo com as regras
de engajamento da missão", disse
o general, por telefone, de Porto
Príncipe. "A informação que temos é que pessoas estavam se
opondo à ação das forças militares e confrontaram essas forças
quando elas entraram no bairro
para buscar a apreensão do bandido chamado Dread Wilme."
"Essas pessoas teriam morrido
naquela ação, segundo informações de testemunhas. Como o
próprio relatório diz, não houve
um regresso ao local para fazer
uma avaliação de mortes. Mas,
por informações de terceiros, nove ou dez pessoas morreram em
resultado desse confronto", acrescentou. "E não seriam civis, mas
pertencentes a grupos armados e
gangues da região."
Bacellar afirmou não ter conhecimento do incidente em Bel Air,
em que, segundo o relatório, um
homem em cadeira de rodas foi
morto com um tiro na cabeça por
capacetes azuis. "É bem anterior à
minha presença aqui", disse. O
general assumiu o comando militar da Minustah em 31 de agosto.
O comandante também questionou a informação citada no documento de que em diversas ocasiões os capacetes azuis não agiram diante da violência cometida
em ações pela Polícia Nacional
Haitiana. "É uma denúncia genérica." No entanto afirmou: "Segundo o conhecimento que tenho, fatos dessa natureza não têm
ocorrido desde que estou aqui".
"O elemento encarregado da
monitoração e do acompanhamento e da própria reforma da
Polícia Nacional Haitiana, como
está previsto no mandato das Nações Unidos, é a UNPol, a polícia
da ONU", afirmou. "As forças militares dão apoio, sim, uma vez
que haja uma operação planejada
ou uma solicitação da polícia do
Haiti, sempre acompanhado da
polícia da ONU."
O Ministério da Defesa e o Itamaraty não haviam se pronunciado até o fechamento desta edição.
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