São Paulo, quarta-feira, 16 de novembro de 2005

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Comandante brasileiro da missão nega denúncias

CAROLINA VILA-NOVA
DA REDAÇÃO

O comandante militar da Missão de Estabilização da ONU no Haiti (Minustah), general Urano Bacellar, afirmou ontem não ter tido acesso ao relatório apresentado à OEA.
A pedido da Folha, o general respondeu a algumas das denúncias citadas, mas ressaltou que a posição oficial da missão seria emitida pelo seu chefe diplomático, o embaixador Juan Gabriel Valdés, que não foi encontrado até o fechamento desta edição.
O general brasileiro confirma que houve participação de soldados brasileiros na operação de 6 de julho de 2004 na favela de Cité Soleil, em Porto Príncipe, ao lado de soldados jordanianos. Liderou a ação o general Augusto Heleno Ribeiro Pereira, então comandante militar da Minustah.
"A operação de 6 de julho foi realizada de acordo com as regras de engajamento da missão", disse o general, por telefone, de Porto Príncipe. "A informação que temos é que pessoas estavam se opondo à ação das forças militares e confrontaram essas forças quando elas entraram no bairro para buscar a apreensão do bandido chamado Dread Wilme."
"Essas pessoas teriam morrido naquela ação, segundo informações de testemunhas. Como o próprio relatório diz, não houve um regresso ao local para fazer uma avaliação de mortes. Mas, por informações de terceiros, nove ou dez pessoas morreram em resultado desse confronto", acrescentou. "E não seriam civis, mas pertencentes a grupos armados e gangues da região."
Bacellar afirmou não ter conhecimento do incidente em Bel Air, em que, segundo o relatório, um homem em cadeira de rodas foi morto com um tiro na cabeça por capacetes azuis. "É bem anterior à minha presença aqui", disse. O general assumiu o comando militar da Minustah em 31 de agosto.
O comandante também questionou a informação citada no documento de que em diversas ocasiões os capacetes azuis não agiram diante da violência cometida em ações pela Polícia Nacional Haitiana. "É uma denúncia genérica." No entanto afirmou: "Segundo o conhecimento que tenho, fatos dessa natureza não têm ocorrido desde que estou aqui".
"O elemento encarregado da monitoração e do acompanhamento e da própria reforma da Polícia Nacional Haitiana, como está previsto no mandato das Nações Unidos, é a UNPol, a polícia da ONU", afirmou. "As forças militares dão apoio, sim, uma vez que haja uma operação planejada ou uma solicitação da polícia do Haiti, sempre acompanhado da polícia da ONU."
O Ministério da Defesa e o Itamaraty não haviam se pronunciado até o fechamento desta edição.


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