São Paulo, sexta-feira, 16 de novembro de 2007

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Disputa opõe Ahmadinejad aos moderados na questão nuclear

DA REDAÇÃO

Há uma forte divisão interna no Irã sobre a forma de discutir com o Ocidente o controvertido programa nuclear. Isso transpareceu nesta semana, quando o presidente Mahmoud Ahmadinejad, líder da intransigência, qualificou os conservadores moderados e pragmáticos de "traidores".
O presidente mantém por enquanto o apoio do aiatolá Ali Khamenei, líder religioso supremo e que encabeça a hierarquia de poder. Mas Khamenei, diz o "Financial Times", desaprovou o afastamento em outubro do negociador Ali Larijani, que estaria disposto a fazer concessões à AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), como forma de desmontar no Conselho de Segurança da ONU uma terceira onda de sanções econômicas.
Ahmadinejad também reage contra dois ex-presidentes moderados. São eles Akbar Hashemi Rafsanjani e Mohammad Khatami. Este último alertou há dias para que a política de confronto poderia levar o Pentágono e Israel a bombardear o território iraniano.
Nesta semana Rafsanjani fez discurso de alerta ao lado de Hossein Mousavian, ex-embaixador na Alemanha e negociador nuclear há até dois anos.
Ele foi preso por dez dias em maio por suposta espionagem em favor da embaixada britânica. Rafsanjani não leva a sério a acusação e rejeita a afirmação do presidente de que Mousavian foi "espião nuclear".
Um especialista em política interna iraniana citado pelo "Financial Times" diz que Ahmadinejad "se comporta como um paranóico, disposto a neutralizar uma rede de intrigantes que acredita ter se formado contra ele". Seu medo das dissidências determinou o afastamento de Larijani.
O que está fundamentalmente em jogo é a possibilidade de baixar as tensões internacionais. Os moderados, na ausência de interlocução com o governo americano, pregam um diálogo maior com a União Européia. Mas Ahmadinejad acredita que o único interlocutor do Irã deve ser a AIEA.
Ele insiste em seus discursos no argumento de que o enriquecimento de urânio e os reatores têm finalidades pacíficas e que seu país tem todo o direito de montar um parque nuclear para produzir eletricidade. No entanto, informações incompletas à agência nuclear da ONU alimentam a versão de que o Irã procura, no fundo, produzir a bomba atômica.


Com agências internacionais


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