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Política americana no Iraque pode ajudar Teerã, diz relatório
DAVID MORGAN
DA REUTERS, EM WASHINGTON
O cortejo do governo de
George W. Bush ao maior partido xiita do Iraque pode agravar
a cisão entre grupos xiitas rivais e, em última análise, ampliar a influência do Irã, diz relatório do International Crisis
Group divulgado anteontem.
O Conselho Supremo Islâmico Iraquiano (CSII), baluarte
do governo de coalizão do premiê Nuri al Maliki, goza de relação estreita com Washington
desde a invasão liderada pelos
EUA em 2003 -ao contrário do
movimento xiita rival liderado
por Moqtada al Sadr, clérigo radical que se opõe aos EUA.
Para o ICG, as rivalidades entre as facções xiitas terão mais
peso sobre o futuro do Iraque
do que o conflito sectário entre
xiitas e sunitas, e uma abordagem equilibrada seria mais indicada. "Os EUA apóiam plenamente [o CSII]. Trata-se de
uma aposta arriscada", diz a organização sediada na Bélgica.
O grupo afirma que a dependência americana de combatentes da milícia do CSII, como
contrapeso ao Exército Mehdi,
de Sadr, "sairá pela culatra, polarizando a comunidade xiita e
criando bases para um conflito
endêmico entre as facções xiitas". O ICG descreve a rivalidade como uma disputa de classes
entre a elite comercial xiita que
o CSII representa e o proletariado urbano xiita, muito mais
numeroso, que se alinha a Sadr.
Acredita-se que membros do
CSII sejam porção considerável dos efetivos das forças de
segurança iraquianas, e o partido detém cerca de 25% dos assentos da Aliança Xiita, a coalizão de Maliki, no Parlamento.
"O ganho de poder pelo CSII
devido à proteção dos EUA pode abrir as portas a um maior
envolvimento iraniano, sobretudo quando as forças de ocupação começarem a se retirar",
diz o texto. "O controle do CSII
sobre as forças de segurança
não é total, muitos grupos o
contestam. É possível que a organização busque mais apoio
do Irã em sua luta pelo poder."
A organização diz que os
EUA deveriam forçar o CSII a
realizar mudanças fundamentais, como um expurgo dos
membros envolvidos na morte
e tortura de pessoas de outras
facções e dos defensores de
uma retórica divisiva.
O grupo instou o governo
Bush a forçar o CSII a abandonar a demanda pela criação de
uma super-região xiita com as
nove Províncias do sul do Iraque, que atraiu oposição generalizada, sobretudo de Sadr,
que se diz um nacionalista.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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