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EUA estudam alternativa a Musharraf no Paquistão
Enviado americano chega hoje; ditador nomeia premiê interino, mas oposição o rejeita
Solta da prisão domiciliar, Benazir convoca opositores para formarem governo de consenso antes das eleições programadas para janeiro
DA REDAÇÃO
Combalido por uma crise que
ajudou a agravar ao declarar estado de emergência há 13 dias, o
ditador paquistanês, Pervez
Musharraf, pode estar prestes a
perder um dos dois pilares que
o sustentam no poder: o apoio
dos EUA, que têm nele um aliado crucial na guerra ao terror.
Segundo o "New York Times", a Casa Branca já discute
alternativas caso Musharraf
não consiga se manter no poder. O general, que decretou estado de emergência no último
dia 3, perde força sob o imbróglio jurídico que criou ao manter-se ao mesmo tempo na Presidência e na chefia das Forças
Armadas (algo que a lei do país
veta) e protestos da oposição.
Hoje, toma posse um novo
premiê. Mohammedmian
Soomro, presidente do Senado
e ex-banqueiro, foi nomeado
ontem pelo ditador e deve assumir um governo interino que,
em tese, permitiria a transição
política para pôr fim ao estado
de emergência e conduziria às
eleições gerais de janeiro.
A cartada pode ser a última
do general. No front doméstico,
a oposição, puxada pela ex-premiê Benazir Bhutto, rejeitou o
novo governo interino.
Já os EUA ainda apóiam o ditador -que mantém os islamitas longe do poder no país nuclear e vizinho ao Afeganistão-
, mas se tornam cada vez mais
impacientes com sua insistência em manter a farda. Ante as
turbulências crescentes, já não
põem nele todas as suas fichas.
O enviado especial de Washington, John Negroponte chega hoje a Islamabad com a missão de solucionar a crise, possivelmente restabelecendo a erodida coalizão entre o general e a
ex-premiê. Entretanto, segundo o "Times", não se sabe como
ele poderia atingir tal objetivo.
Uma opção seria recorrer aos
próprios militares, o outro pilar
de Musharraf. Mas há entraves,
como o risco -temido pelos
EUA- de passar a impressão
de apoio a um novo golpe.
Pesam ainda a rejeição à Benazir pelas Forças Armadas e o
novo discurso da líder do Partido do Povo do Paquistão -que,
após meses tentando costurar
um mal-ajambrado acordo com
Musharraf para poder voltar ao
cargo de premiê, passou nesta
semana a exortar a desafinada
oposição a se unir para demover o ditador do poder.
Ontem, o regime determinou
sua soltura após quatro dias de
prisão domiciliar. Horas antes,
ela declarara à Associated Press
querer "estabelecer um governo de união nacional com outros partidos para substituir
Musharraf antes das eleições".
O mandato atual do general
chegou ontem ao fim. O novo,
concedido pelo Parlamento em
outubro, estava sob exame da
Suprema Corte. Mas o tribunal
foi dissolvido no último dia 3.
Com "The New York Times" e
agências internacionais
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