São Paulo, sexta-feira, 16 de novembro de 2007

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EUA estudam alternativa a Musharraf no Paquistão

Enviado americano chega hoje; ditador nomeia premiê interino, mas oposição o rejeita

Solta da prisão domiciliar, Benazir convoca opositores para formarem governo de consenso antes das eleições programadas para janeiro

DA REDAÇÃO

Combalido por uma crise que ajudou a agravar ao declarar estado de emergência há 13 dias, o ditador paquistanês, Pervez Musharraf, pode estar prestes a perder um dos dois pilares que o sustentam no poder: o apoio dos EUA, que têm nele um aliado crucial na guerra ao terror.
Segundo o "New York Times", a Casa Branca já discute alternativas caso Musharraf não consiga se manter no poder. O general, que decretou estado de emergência no último dia 3, perde força sob o imbróglio jurídico que criou ao manter-se ao mesmo tempo na Presidência e na chefia das Forças Armadas (algo que a lei do país veta) e protestos da oposição.
Hoje, toma posse um novo premiê. Mohammedmian Soomro, presidente do Senado e ex-banqueiro, foi nomeado ontem pelo ditador e deve assumir um governo interino que, em tese, permitiria a transição política para pôr fim ao estado de emergência e conduziria às eleições gerais de janeiro.
A cartada pode ser a última do general. No front doméstico, a oposição, puxada pela ex-premiê Benazir Bhutto, rejeitou o novo governo interino.
Já os EUA ainda apóiam o ditador -que mantém os islamitas longe do poder no país nuclear e vizinho ao Afeganistão- , mas se tornam cada vez mais impacientes com sua insistência em manter a farda. Ante as turbulências crescentes, já não põem nele todas as suas fichas.
O enviado especial de Washington, John Negroponte chega hoje a Islamabad com a missão de solucionar a crise, possivelmente restabelecendo a erodida coalizão entre o general e a ex-premiê. Entretanto, segundo o "Times", não se sabe como ele poderia atingir tal objetivo.
Uma opção seria recorrer aos próprios militares, o outro pilar de Musharraf. Mas há entraves, como o risco -temido pelos EUA- de passar a impressão de apoio a um novo golpe.
Pesam ainda a rejeição à Benazir pelas Forças Armadas e o novo discurso da líder do Partido do Povo do Paquistão -que, após meses tentando costurar um mal-ajambrado acordo com Musharraf para poder voltar ao cargo de premiê, passou nesta semana a exortar a desafinada oposição a se unir para demover o ditador do poder.
Ontem, o regime determinou sua soltura após quatro dias de prisão domiciliar. Horas antes, ela declarara à Associated Press querer "estabelecer um governo de união nacional com outros partidos para substituir Musharraf antes das eleições".
O mandato atual do general chegou ontem ao fim. O novo, concedido pelo Parlamento em outubro, estava sob exame da Suprema Corte. Mas o tribunal foi dissolvido no último dia 3.


Com "The New York Times" e agências internacionais


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