São Paulo, terça-feira, 16 de novembro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Israel quer escudo antimísseis para 2015

Conclusão do sistema coincidiria com data em que israelenses estimam que o Irã terá armamentos nucleares

EUA oferecem pacote de benefícios para Israel suspender construção de colônias judaicas na região da Cisjordânia

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O governo israelense anunciou ontem que implantará até 2015 um escudo completo de defesa antimísseis capaz de proteger o país de possíveis ataques do Irã, da Síria e outros países árabes.
O projeto deve começar a funcionar em 2015. Esta é o prazo que a inteligência israelense estima que Teerã levará para desenvolver e operar armas nucleares.
O escudo inclui dois principais sistemas de interceptação de mísseis, um contra foguetes de curta distância disparados por países vizinhos e outro contra mísseis balísticos de longo alcance.
Em 2006, durante a guerra do Líbano, Israel criou um primeiro sistema para abater foguetes de curta distância, capazes de atingir entre 5 e 70 quilômetros de distância. Esse equipamento está sendo ampliado para derrubar foguetes maiores e deve ficar pronto em 2013.
Em uma segunda frente, Israel está aprimorando seu programa Arrow (Flecha) -destinado a defender o país de eventuais mísseis de longo alcance disparados por Irã ou Síria e que, segundo Israel, já funciona há dez anos.
A novidade será um satélite suicida que fica em órbita sobre o país e colide contra eventuais mísseis balísticos em altitudes elevadas.
"Mesmo se o Arrow errar o alvo, isso será longe o suficiente da fronteira de Israel para que uma segunda interceptação seja feita", disse Yoav Turgeman, diretor do projeto na estatal IAI (sigla de Indústria Aeroespacial Israelense).
O sistema de defesa seria, em tese, eficiente inclusive contra mísseis nucleares, na medida em que os resíduos da bomba queimariam na atmosfera sem oferecer riscos de exposição à radiação para a população na superfície.
O desenvolvimento do projeto Arrow está sendo apoiado pelos EUA e deve ficar pronto entre 2014 e 2015.
O projeto todo indica uma mudança na estratégia de defesa de Israel -que antes era inteiramente voltada para impedir que seus inimigos adquirissem armamento nuclear e agora investe na proteção conta mísseis.

ASSENTAMENTOS
O governo dos EUA ofereceu ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, um pacote de ajuda militar e diplomática em troca de um congelamento de 90 dias na construção de assentamentos judeus na Cisjordânia.
A oferta americana tenta reativar as negociações de paz entre palestinos e israelenses iniciadas em setembro e já paralisadas por conta do reinício das construções de assentamentos.
Entre os benefícios oferecidos pelo governo de Barack Obama estão a venda de 20 aviões de caça F-35, no valor de US$ 3 bilhões, e a promessa de apoio político a Israel em fóruns internacionais.
A proposta encontrou resistência em membros da ultradireita do governo israelense. Só 7 dos 15 ministros do gabinete de Segurança de Israel -incluindo Netanyahu- estariam dispostos a votar a favor da proposta.
Mas, como dois ministros devem se abster da votação, Netanyahu deve ser capaz de aprovar a proposta de congelamento das construções.
As ações dele foram aplaudidas ontem pela secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton. Segundo ela, a simples análise da proposta por Israel já é "um elemento muito promissor e representa um esforço sério do primeiro-ministro de Israel".
Contudo, o acordo abrange apenas as construções na área da Cisjordânia e não impede que novas colônias sejam erguidas em Jerusalém. Isso causou descontentamento entre os palestinos, que exigem a suspensão total das construções para retornar à mesa de negociação.


Texto Anterior: Congresso volta ao trabalho com agenda cheia
Próximo Texto: Opinião: País segue com a política da "opacidade"
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.