São Paulo, sábado, 16 de dezembro de 2006

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Mohamed Saber/Efe
Cercado de seguranças, Haniyeh saúda seguidores em Gaza


Facções palestinas entram em confronto

Tensão explode na véspera do discurso em que presidente deve propor dissolução do Parlamento, no qual Hamas tem maioria

Grupo islâmico acusa o Fatah, grupo do presidente Abbas, de tentar matar premiê Haniyeh; disparos na Cisjordânia feriram 32

DA REDAÇÃO

Milícias ligadas ao presidente palestino, Mahmoud Abbas, dispararam ontem sobre uma manifestação do grupo islâmico Hamas, do primeiro-ministro Ismail Haniyeh, em Ramallah, na Cisjordânia, ferindo 32 manifestantes, alguns deles em estado grave.
O incidente exemplifica o aquecimento excepcional das tensões intrapalestinas. Em outra manifestação que reuniu ontem 70 mil pessoas num estádio de Gaza, o líder do Hamas no Parlamento, Khalil Hayya, acusou o presidente Abbas de estar iniciando "uma guerra contra Deus" e contra o seu partido- considerado terrorista pelos Estados Unidos e pela União Européia e que se recusa a reconhecer Israel.
No estádio, Haniyeh, cercado por 50 seguranças armados, afirmou que "entramos no Hamas para nos tornarmos mártires, e não pregadores". A manifestação estava previamente programada, para comemorar os 19 anos do grupo.
Abbas, que também é o líder do Fatah, partido palestino laico, deve fazer hoje um pronunciamento em que provavelmente anunciará a dissolução do Parlamento e a convocação de legislativas antecipadas. O Hamas já anunciou que não aceitaria a dissolução.
O Fatah perdeu em janeiro para o Hamas o controle do Parlamento. Haniyeh e Abbas não conseguiram negociar a formação de um governo de unidade que poria fim à crise.
Os ânimos estão tão acirrados que anteontem militantes do Fatah atiraram sobre o comboio do primeiro-ministro, quando ele ingressava em Gaza, vindo do Egito. Um dos filhos e um assessor do premiê ficaram feridos. Teria também partido do Fatah o projétil que pouco antes matou um dos guarda-costas do premiê.
Haniyeh permaneceu retido sete horas no posto de fronteira de Rafah, porque Israel não o deixava entrar com os US$ 35 milhões que trazia para a Autoridade Nacional Palestina. O dinheiro, anunciou seu porta-voz, está agora sob a custódia da Liga Árabe, no Egito.
O Hamas interpretou o tiroteio na fronteira como uma tentativa de matar Haniyeh. "Sabemos quem disparou primeiro e os puniremos", disse o ministro do Exterior palestino, Mahmoud Zahar, dirigente do grupo islâmico.
O porta-voz do Hamas, Ismail Rudwan, acusou o deputado Mohammed Dahlan, do Fatah, de ter montado a operação para matar o premiê.
Procurado pela Reuters, Dahlan respondeu que o Hamas procura desviar as atenções, depois que homens armados ligados ao grupo assassinaram nesta semana os três filhos menores de um auxiliar de Abbas.
Abbas pediu ao ministro do Interior Said Siam, do Hamas, para que forme uma comissão de inquérito independente e apure as circunstâncias dos disparos contra o comboio do primeiro-ministro.
O correspondente do "Le Monde" disse que o confronto armado começou quando o Hamas desalojou os funcionários europeus do posto de fronteira e procurou, à força, neutralizar os milicianos do Fatah, encarregados da segurança do local. Ao menos 15 pessoas foram feridas durante a troca de tiros.
O Fatah acusou ontem o grupo islâmico de estar acirrando as tensões. "Estão atirando óleo na fogueira", disse o porta-voz Abdel Hakim Awad.
Em Ramallah, na Cisjordânia, os incidentes eclodiram quando o Fatah cercou uma mesquita na qual militantes do Hamas se concentravam para sair em passeata.


Com agências internacionais


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