|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Mohamed Saber/Efe
|
Cercado de seguranças, Haniyeh saúda seguidores em Gaza |
Facções palestinas entram em confronto
Tensão explode na véspera do discurso em que presidente deve propor dissolução do Parlamento, no qual Hamas tem maioria
Grupo islâmico acusa o Fatah, grupo do presidente Abbas, de tentar matar premiê Haniyeh; disparos
na Cisjordânia feriram 32
DA REDAÇÃO
Milícias ligadas ao presidente palestino, Mahmoud Abbas,
dispararam ontem sobre uma
manifestação do grupo islâmico Hamas, do primeiro-ministro Ismail Haniyeh, em Ramallah, na Cisjordânia, ferindo 32
manifestantes, alguns deles em
estado grave.
O incidente exemplifica o
aquecimento excepcional das
tensões intrapalestinas. Em
outra manifestação que reuniu
ontem 70 mil pessoas num estádio de Gaza, o líder do Hamas
no Parlamento, Khalil Hayya,
acusou o presidente Abbas de
estar iniciando "uma guerra
contra Deus" e contra o seu
partido- considerado terrorista pelos Estados Unidos e pela
União Européia e que se recusa
a reconhecer Israel.
No estádio, Haniyeh, cercado
por 50 seguranças armados,
afirmou que "entramos no Hamas para nos tornarmos mártires, e não pregadores". A manifestação estava previamente
programada, para comemorar
os 19 anos do grupo.
Abbas, que também é o líder
do Fatah, partido palestino laico, deve fazer hoje um pronunciamento em que provavelmente anunciará a dissolução
do Parlamento e a convocação
de legislativas antecipadas. O
Hamas já anunciou que não
aceitaria a dissolução.
O Fatah perdeu em janeiro
para o Hamas o controle do
Parlamento. Haniyeh e Abbas
não conseguiram negociar a
formação de um governo de
unidade que poria fim à crise.
Os ânimos estão tão acirrados que anteontem militantes
do Fatah atiraram sobre o comboio do primeiro-ministro,
quando ele ingressava em Gaza,
vindo do Egito. Um dos filhos e
um assessor do premiê ficaram
feridos. Teria também partido
do Fatah o projétil que pouco
antes matou um dos guarda-costas do premiê.
Haniyeh permaneceu retido
sete horas no posto de fronteira
de Rafah, porque Israel não o
deixava entrar com os US$ 35
milhões que trazia para a Autoridade Nacional Palestina. O dinheiro, anunciou seu porta-voz, está agora sob a custódia da
Liga Árabe, no Egito.
O Hamas interpretou o tiroteio na fronteira como uma
tentativa de matar Haniyeh.
"Sabemos quem disparou primeiro e os puniremos", disse o
ministro do Exterior palestino,
Mahmoud Zahar, dirigente do
grupo islâmico.
O porta-voz do Hamas, Ismail Rudwan, acusou o deputado Mohammed Dahlan, do Fatah, de ter montado a operação
para matar o premiê.
Procurado pela Reuters, Dahlan respondeu que o Hamas
procura desviar as atenções,
depois que homens armados ligados ao grupo assassinaram
nesta semana os três filhos menores de um auxiliar de Abbas.
Abbas pediu ao ministro do
Interior Said Siam, do Hamas,
para que forme uma comissão
de inquérito independente e
apure as circunstâncias dos disparos contra o comboio do primeiro-ministro.
O correspondente do "Le
Monde" disse que o confronto
armado começou quando o Hamas desalojou os funcionários
europeus do posto de fronteira
e procurou, à força, neutralizar
os milicianos do Fatah, encarregados da segurança do local.
Ao menos 15 pessoas foram feridas durante a troca de tiros.
O Fatah acusou ontem o grupo islâmico de estar acirrando
as tensões. "Estão atirando
óleo na fogueira", disse o porta-voz Abdel Hakim Awad.
Em Ramallah, na Cisjordânia, os incidentes eclodiram
quando o Fatah cercou uma
mesquita na qual militantes do
Hamas se concentravam para
sair em passeata.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Irã: UE desaprova políticas de Ahmadinejad Próximo Texto: Saiba mais: Estrangulado, Hamas ainda resiste a acordo Índice
|