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Estrangulado, Hamas ainda resiste a acordo
DA REDAÇÃO
Mergulhados em grave crise econômica e encurralados
em um ciclo de violência interno que há meses beira a
guerra civil, os palestinos viveram nesta semana uma escalada que chocou até os
mais pessimistas.
Na segunda-feira, homens
mascarados fuzilaram os três
filhos de um assessor do presidente Mahmoud Abbas, todos com menos de 10 anos,
numa rua movimentada de
Gaza. Anteontem, o premiê
Ismail Haniyeh escapou por
pouco de um ataque, que foi
considerado uma declaração
de guerra pelo Hamas.
O estado de desgoverno
vem piorando drasticamente
desde a vitória do Hamas
(Movimento de Resistência
Islâmica) nas eleições de janeiro, que romperam quase
quatro décadas de monopólio do Fatah (secular) sobre a
causa palestina. O poder, porém, manteve-se dividido, já
que a Presidência continuou
nas mãos de Mahmoud Abbas, do Fatah, responsável
pelo contatos com Israel.
A pressão sobre o novo governo começou antes mesmo da posse, em março. Israel cancelou imediatamente o repasse dos cerca de US$
60 milhões mensais em impostos que recolhe em nome
da Autoridade Nacional Palestina (ANP). União Européia e EUA seguiram o mesmo caminho, congelando a
ajuda aos palestinos, equivalente a metade de seu orçamento anual de US$ 1 bilhão.
Conhecido por seus homens-bomba, responsáveis
por dezenas de atentados
contra civis israelenses, o
Hamas manteve uma trégua
nas atividades terroristas
após chegar ao poder, mas
recusou-se a aceitar as condições impostas por EUA e
UE para suspender o boicote: reconhecer o direito de
existência de Israel, aceitar
os acordos já assinados pelo
Fatah e abdicar da violência.
Sem dinheiro para pagar
os salários dos cerca de 130
mil funcionários da ANP, o
Hamas foi perdendo o controle dos territórios palestinos, cuja segurança continuava sob o comando do Fatah. A tensão entre os dois
grupos gerou inúmeros confrontos, que deixaram mais
de 200 mortos.
Estrangulado, o movimento islâmico foi forçado a aceitar uma aproximação com o
presidente Abbas, que propôs um governo de união nacional como única forma de
convencer os doadores a suspenderem o embargo.
O acordo seria baseado em
um plano preparado por líderes das duas facções detidos em Israel, que incluía o
reconhecimento do Estado
judeu.
Seqüestro
Entretanto, no dia marcado para a formalização do
pacto, 25 de junho, militantes ligados ao Hamas seqüestraram um soldado israelense, desencadeando uma
ofensiva de Israel contra Gaza e uma seqüência de prisões de ministros do Hamas.
Desde então, foram feitas várias tentativas de retomar o
acordo, mas todas foram bloqueadas pela recusa do Hamas em aceitar Israel.
Frustrado, o presidente
Abbas prometeu na semana
passada que anunciaria, no
discurso que fará amanhã, a
convocação de eleições antecipadas. Se a promessa de
Abbas for cumprida, no entanto, o que parece solução
poderá significar o agravamento da crise: o Hamas já
disse que considera a proposta uma tentativa de golpe
e que não aceitará a dissolução de seu governo.
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