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Livro de Carter que ataca Israel causa polêmica
ERIC LESER
DO "MONDE"
O ex-presidente dos Estados
Unidos Jimmy Carter, 82, prêmio Nobel da Paz em 2002, está
no meio de uma acirrada polêmica por causa da publicação,
duas semanas atrás, de seu
mais recente livro, "Palestine:
Peace Not Apartheid" [Palestina: paz, não apartheid]. A obra
acompanha a evolução do processo de paz na região, dos
acordos de Camp David entre
Israel e o Egito, assinados em
1978, quando ele era presidente, até as eleições palestinas em
2006, quando comandou uma
missão de observação.
Ele atribui parte da culpa pelos revezes no processo de paz
aos palestinos e aos EUA, mas
considera que a maior responsabilidade cabe à situação política israelense.
Já antes da publicação do livro, a democrata Nancy Pelosi,
que será a presidente da Câmara dos Deputados a partir de janeiro, declarou que Carter "não
fala pelo Partido Democrata
quanto a Israel". Kenneth
Stein, diretor do Centro Carter
de Defesa dos Direitos Humanos e do Centro de Estudos Israelenses da Universidade
Emory, afastou-se do seu posto
na organização de Carter, e
rompeu com o ex-presidente.
Ele considera que o livro "se baseia em análises simplistas e está repleto de erros factuais".
O Centro Simon Wiesenthal,
uma das principais organizações mundiais de defesa da memória judaica, está circulando
um abaixo-assinado em protesto contra o uso da palavra
"apartheid" por Carter. A Liga
Antidifamação e o Comitê Judaico Norte-Americano disseram que as críticas "dedicam
pouca atenção ao fato de que Israel vem sofrendo ataques incessantes desde que foi criado".
Carter respondeu enfatizando que a palavra "apartheid"
não era referência a nenhum
racismo de parte de Israel, mas
sim "ao desejo de uma minoria
dentre os israelenses de confiscar e colonizar terras palestinas". Ele acrescentou que "o livro descreve a abominável
opressão e as perseguições que
ocorrem nos territórios palestinos ocupados, o rígido sistema de controle de movimentos
e a segregação estrita entre cidadãos palestinos e colonos judeus na Cisjordânia. De muitas
maneiras, é uma situação mais
opressiva do que aquela sob a
qual os negros viviam na era do
apartheid na África do Sul".
O presidente se referiu às críticas em artigo no jornal "Los
Angeles Times". Disse que deseja derrubar "a muralha impenetrável" que impede que o público norte-americano perceba
o sofrimento dos palestinos.
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