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São Paulo, sexta-feira, 17 de janeiro de 2003

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IGREJA

Condenação a aborto, eutanásia e casamento homossexual integra documento que pede defesa da "cultura católica"

Vaticano lança instruções para ação católica na política

DA REDAÇÃO

O Vaticano disse que políticos católicos devem se opor a leis a favor do aborto, da eutanásia e do casamento homossexual. As instruções fazem parte do documento "Nota Doutrinal sobre Alguns Assuntos Concernentes à Participação dos Católicos na Vida Política", com 18 páginas, redigido pelo cardeal alemão Joseph Ratzinger, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.
O documento defende o direito dos católicos de intervir na vida politica e social para defender "a cultura católica" sem "complexo de inferioridade". A nota diz que a "igreja tem o direito e o dever de pronunciar juízos morais sobre as realidades temporais quando a fé ou a lei moral o exigir".
Segundo o Vaticano, o católico deve reconhecer a legítima pluralidade de opiniões temporais, mas deve "divergir de uma concepção do pluralismo baseada no relativismo moral, nociva para a vida democrática, pois ela precisa de fundamentos verdadeiros e sólidos, ou seja, de princípios éticos não-negociáveis".
O documento condena o aborto e a eutanásia e fala da necessidade de defender o "embrião humano". Recorda ainda aos políticos católicos "a obrigação de que eles se oponham" a toda lei que atente contra a vida humana e de que eles garantam "a tutela e a promoção da família, fundada no matrimônio monogâmico entre pessoas de sexo oposto e protegida em sua unidade e estabilidade diante das leis modernas sobre o divórcio".
O Vaticano se propõe a esclarecer a posição da igreja diante de "orientações ambíguas e posições discutíveis que apareceram". Os responsáveis por essa distorção, segundo a nota doutrinal, são "algumas associações e organizações de inspiração católica" e "algumas revistas e jornais católicos" que "expressaram posições contrárias ao ensinamento moral e social da igreja em questões éticas fundamentais" ou orientaram seu leitores de "maneira ambígua e incoerente".
"Devem ser rejeitadas", ressalta a nota, "as posições políticas e os comportamentos que se inspiram em uma visão utópica que, transformando a tradição de fé bíblica em uma espécie de profetismo sem Deus, instrumentaliza a mensagem religiosa".

Glossário
O cardeal colombiano Alfonso López Trujillo anunciou ontem que será publicado em breve um glossário com palavras "ambíguas" relacionadas à família, à vida e a ética. Em entrevista à revista católica "30 Giorni" (30 dias), dirigida pelo senador e ex-primeiro-ministro italiano Giulio Andreotti, ele disse que o glossário possuirá cerca de mil verbetes.
Entre os exemplos que citou, estão a palavra "gender" e a expressão "reproductive rights". Para ele, "esses termos são usados de forma exatamente oposta a seu significado literal" e é preciso "proteger a família".


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