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São Paulo, sexta-feira, 17 de janeiro de 2003

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ÁSIA

País deve colaborar, não desafiar, diz diretor da AIEA

Coréia do Norte faz "chantagem nuclear", acusa líder de inspetores

DA REDAÇÃO

O egípcio Mohammed ElBaradei, diretor da AIEA (Agência Nuclear de Energia Atômica), acusou a Coréia do Norte de estar fazendo "chantagem nuclear", minando os esforços para resolver o impasse entre o país e os EUA. Mas ele disse que ainda há esperança para uma solução da crise nuclear norte-coreana.
"A Coréia do Norte deve entender que não há espaço para diálogo por meio de atitudes irresponsáveis", disse ElBaradei após se reunir com autoridades russas, em Moscou, para discutir o tema.
Segundo o diretor da AIEA, "a comunidade internacional está disposta a examinar favoravelmente os problemas de segurança e as necessidades econômicas da Coréia do Norte, mas não agirá caso se depare com uma chantagem nuclear".
Para ElBaradei, a única saída para a Coréia do Norte "é a colaboração, não o desafio". "Ainda há elementos para a solução do problema."
Os EUA suspenderam em novembro o envio de combustível para a Coréia do Norte, depois que Pyongyang reconheceu, segundo os EUA, que desenvolvia um programa nuclear militar secreto. Os norte-coreanos negam.
Em resposta à medida americana, a Coréia do Norte expulsou os inspetores da AIEA, reativou o principal reator nuclear do país, desligado desde 1994, e anunciou sua saída do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares.
Autoridades da Rússia, após a conversa com ElBaradei, decidiram enviar o vice-chanceler Alexander Losyukov a Pyongyang. Ele fará uma escala em Pequim. A Rússia sempre teve boas relações com a Coréia do Norte, e a China se ofereceu para sediar possíveis negociações envolvendo americanos e norte-coreanos.

Coréia do Sul
A Coréia do Sul afirmou ontem que o país está preparado para o pior cenário, que seria o de uma guerra na península coreana, caso as saídas diplomáticas fracassem.
O ministro da Defesa sul-coreano, Lee Jun, disse ao Parlamento que, "se a crise nuclear envolvendo a Coréia do Norte não puder ser resolvida pacificamente e os EUA decidirem atacar o país, então uma guerra na península coreana será inevitável". Segundo ele, "o Exército sul-coreano já está preparado para o pior cenário".
O enviado dos EUA para a Ásia, James Kelly, disse ontem em Pequim que toda a comunidade internacional concorda que a península coreana deve ficar livre das armas nucleares. Mas acrescentou que esse será um processo demorado.
"Será um processo lento, para termos certeza de que faremos tudo da maneira correta", disse Kelly após se reunir com autoridades chinesas.
"Teremos de dialogar mais e nos comunicarmos com outras pessoas, inclusive os norte-coreanos. Será preciso ser muito claro para que consigamos um acordo no final", disse Kelly, que seguiu para Cingapura.
O objetivo dos EUA, segundo diplomatas da região, é que a China, um dos poucos países que ainda se mantém próximos da Coréia do Norte, exerça pressão sobre Pyongyang.
A Coréia do Sul, ao lado do Irã e do Iraque, integra o que o presidente dos EUA, George W. Bush, denomina como sendo o "eixo do mal". Mas o governo americano tem mostrado disposição para negociar com os norte-coreanos, o que não ocorre em relação ao Iraque.


Com agências internacionais


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