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São Paulo, sexta-feira, 17 de janeiro de 2003

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"Iraque deve fazer mais", diz chefe dos inspetores

DA REDAÇÃO

O chefe dos inspetores de armas da ONU, Hans Blix, advertiu ontem que o Iraque deve aumentar sua cooperação para evitar uma possível guerra. O Iraque prometeu cooperar, mas criticou a atuação dos inspetores, acusando-os de agir como espiões.
"O Iraque precisa fazer mais do que já fez até agora", disse o sueco Blix. "Eles precisam ser mais ativos para convencer o Conselho de Segurança de que não possuem armas de destruição em massa."
Ele pediu a Bagdá que apresentasse mais provas da destruição de suas armas e concedesse aos cientistas maior liberdade para entrevistar envolvidos nos programas de armas do país. A situação é "muito perigosa", observou.
"Se o Iraque tem tanta certeza de que não tem nada a esconder, então deve estar ansioso para que os entrevistados sejam ouvidos sem nenhum tipo de intimidação", afirmou. "A guerra no Iraque pode ser evitada, e a responsabilidade está basicamente do lado de Saddam Hussein."
O vice-presidente iraquiano, Taha Yassin Ramadan, disse que, para Bagdá, as equipes de inspeção trabalham "de forma a acumular dados de inteligência".
As autoridades iraquianas atacaram também a forma como os inspetores invadiram a residência de dois cientistas nucleares ontem em Bagdá. Disseram que as equipes internacionais estavam violando os direitos humanos dessas pessoas, ao entrar em suas casas sem ordem judicial.
Apesar da tensão, o Iraque tenta manter um clima de cordialidade. Bagdá deseja mostrar cooperação com a comunidade internacional e, dessa forma, enfraquecer os argumentos dos EUA em sua defesa de uma solução militar.
O presidente dos EUA, George W. Bush, voltou a criticar Saddam. Disse que a paciência de Washington "algum dia vai se esgotar". Os americanos não tiveram sucesso ontem em sua tentativa de alterar o cronograma de entrega de relatórios sobre inspeções à ONU. A manobra poderia antecipar o início da guerra.
O chanceler russo, Igor Ivanov, afirmou estar preocupado com o aumento da pressão americana sobre os inspetores de armas. A Rússia, assim como outros países da Europa (França e Alemanha entre eles), exige que seja dado mais tempo à missão da ONU que busca armas de destruição em massa no Iraque.
"Adotamos por unanimidade a resolução 1441 [que prevê o desarmamento iraquiano] e concordamos em prestar toda a ajuda necessária ao trabalho dos inspetores, e não colocar pressão sobre eles", afirmou Ivanov.


Com agências internacionais


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