São Paulo, terça-feira, 17 de janeiro de 2006

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NUCLEAR

Solução diplomática não está oficialmente descartada, mas envio do caso ao Conselho de Segurança pode ser votado em fevereiro

UE e EUA exigem fim do programa iraniano

DA REDAÇÃO

Em reunião realizada ontem em Londres, os países-membros do Conselho de Segurança da ONU com direito a veto -Reino Unido, França, Rússia, China e EUA-, mais a Alemanha, concordaram em exigir que o Irã suspenda seu programa de desenvolvimento de combustível nuclear.
Embora oficialmente não tenham decidido se pedirão que a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica, da ONU) leve o caso ao Conselho de Segurança, eles vão convocar uma reunião emergencial com a agência para o início de fevereiro.
Apesar de o Irã afirmar que sua intenção, ao retomar o processo de enriquecimento de urânio, é meramente produzir energia nuclear com fins pacíficos, os EUA e as potências nucleares européias -Reino Unido, França e Alemanha, grupo conhecido como UE3- acreditam que o país também pretenda desenvolver armas nucleares.
Segundo informou um funcionário do Ministério das Relações Exteriores britânico à agência de notícias Associated Press -falando sobre o encontro de ontem-, "houve um acordo quanto à importância de o Irã suspender totalmente [o processo de confecção do combustível nuclear] e voltar a negociar".
Ainda segundo o mesmo ministério, desta vez citado pela agência de notícias Reuters, na reunião de fevereiro -que seria convocada para os dias 2 e 3-, a apresentação do caso ao Conselho de Segurança seria votada. Também de acordo com a Reuters, os países que se reuniram ontem na capital britânica já começaram a redigir um documento no qual constaria o pedido à AIEA para que o programa nuclear do Irã fosse reportado ao CS.
Uma vez que o assunto estiver nas mãos do CS -se efetivamente for apresentado a ele-, este poderá adotar sanções econômicas contra o Irã.
Mas, antes que isso aconteça, os membros da AIEA ainda têm de mandar uma advertência a Teerã, exigindo a suspensão das atividades. Só após uma recusa oficial em cumprir a advertência, a proposta de envio do caso ao CS poderá ser votada.
"Cabe ao Irã o ônus de agir de modo a que a comunidade internacional confie em que seu programa nuclear tem fins inteiramente pacíficos", afirmou o chanceler do Reino Unido, Jack Straw.

Proposta
O impasse diplomático sobre eventuais medidas retaliativas a serem tomadas contra o Irã tem se arrastado há algum tempo, em boa parte em razão da resistência da Rússia e da China em pedir que o caso seja levado ao CS das Nações Unidas.
Moscou chegou a sugerir, recentemente, que o programa nuclear do Irã fosse desenvolvido em território russo. Teerã recusou a proposta.
Ontem Moscou sinalizou que poderia concordar com a apresentação do caso ao CS: o presidente Vladimir Putin afirmou que a posição de seu país quanto à resistência do Irã em desistir de seu programa nuclear era muito próxima da posição da União Européia e dos EUA.
Mas ele disse também que "se deve agir com muito cuidado nessa área". Por fim, não descartou a hipótese de que Teerã ainda possa aceitar sua sugestão, já que o embaixador iraniano em Moscou, Gholamreza Ansari, disse que a proposta era "construtiva e está sendo estudada com cuidado".


Com agências internacionais

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