|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
COMENTÁRIO
Melhora significativa é improvável
JULIO ABRAMCZYK
Redator-médico
A junta médica que examinou
o general chileno Augusto Pinochet identificou danos permanentes no cérebro do paciente,
provocados por trombos que levaram a obstruções em artérias
da região frontal e lateral (acidente vascular cerebral ou "derrame") nos meses de setembro e
outubro do ano passado.
Os médicos que estiveram
com o ex-líder chileno concluíram, com base nos exames realizados e pelo tempo de evolução
da doença, ser "improvável uma
melhora funcional considerável
continuada".
O relatório dos geriatras e
neurologista, que resultou na
decisão do governo britânico de
não extraditá-lo para a Espanha,
sugere um quadro clínico de demência, provocada por doença
na circulação do sangue no cérebro, a denominada demência
multi-infarto ou demência vascular.
Pacientes idosos com essa
afecção apresentam com frequência antecedentes de hipertensão, tabagismo, estresse e
eventualmente crises de depressão e doenças metabólicas, como é o caso do diabetes.
Memória
Ao contrário do observado
em vários casos semelhantes
com idosos, que mantêm a memória para os fatos antigos mas
não para os recentes, Pinochet,
segundo o relatório, apresenta
ausência de memória para fatos
remotos e recentes, além de dificuldade na compreensão e entendimento de perguntas e diminuição na sua capacidade de
se expressar de forma compreensível e coerente.
A prevenção tentada com os
anticoagulantes e hipotensores
para evitar novos infartos cerebrais e lesões isquêmicas, para
impedir ou pelo menos diminuir a progressão do transtorno
demencial, não parece ter dado
resultados positivos, segundo o
relatório médico, que poderá
impedir que o ex-ditador tenha
de enfrentar um julgamento.
Texto Anterior: A saúde do ex-ditador: Pinochet tem dano cerebral, diz exame Próximo Texto: "Preso na rede": Internet causa isolamento, diz estudo Índice
|