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São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 2003

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Combate na capital iraquiana promete ser duro

KIM SENGUPTA
ANDREW BUNCOMBE
DO "THE INDEPENDENT"

Forças americanas acreditam que o ditador Saddam Hussein irá escalar suas melhores tropas e as mais leais para compor a resistência no amargo combate que pode vir a ocorrer nas ruas de Bagdá, no caso de invasão terrestre - o que poderá se tornar uma nova versão da batalha de Stalingrado (a mais dura ocorrida durante a invasão do Exército nazista à União Soviética na Segunda Guerra Mundial).
O Iraque está desde ontem em estado de alerta. Saddam Hussein dividiu o país em quatro regiões militares e colocou seu filho Qusay no controle de duas cidades, nas quais se acredita que a luta será mais violenta. Saddam e Qusay serão responsáveis diretos pela defesa da capital, Bagdá, e de Tikrit, cidade natal do ditador.
Os EUA querem lançar um ataque fulminante contra o Iraque, utilizando tropas que estão alocadas na região (cerca de 250 mil soldados), além das que continuam chegando. Três poderosas unidades dos EUA - a Primeira Divisão de Cavalaria, Primeira Divisão Armada e Terceiro Regimento de Cavalaria Armada- ainda estão nos EUA e na Europa e só devem chegar à região do golfo no final de abril. Provavelmente, esses soldados serão usados como força de estabilização depois da guerra.
Tanto o Pentágono como analistas militares independentes afirmam que o maior desafio para as tropas dos EUA será a luta pela tomada da capital iraquiana. Forças britânicas devem ser utilizadas somente perto da cidade de Basra, no sudeste do Iraque.
Para o Exército invasor, Bagdá representa uma armadilha em potencial. Acredita-se que Saddam Hussein já está com suas melhores tropas na cidade. Durante a Guerra do Golfo (1991), Saddam aprendeu que a luta no deserto deixa as tropas terrivelmente vulneráveis a um ataque aéreo maciço dos EUA e do Reino Unido.
Acredita-se que a Guarda Republicana e a tropa de elite da Guarda Republicana Especial do Iraque formarão círculos concêntricos em volta de Bagdá para dominar rua por rua. Nesse caso, o arsenal de alta tecnologia americano terá menos vantagem.
"Quanto mais perto de Bagdá e da Guarda Especial Republicana, mais difícil ficará a questão", disse um oficial dos EUA.
Bagdá não é uma cidade preparada para guerrilha. Os largos bulevares construídos por Saddam Hussein para que seus próprios tanques pudessem aniquilar qualquer levante popular poderão, igualmente, acomodar os tanques das forças ocidentais.
Mas as antigas partes da cidade, formadas por becos e áreas de comércio, podem oferecer proteção para os soldados iraquianos. "Não temos nenhuma intenção de ir de porta em porta e de casa em casa numa cidade de cinco milhões", disse outro oficial americano. "[A cidade" é inacreditavelmente complexa, com metrô, túneis e abrigos por toda a parte."


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