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São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 2003

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ANÁLISE

Contagem regressiva para a ação militar já começou

DA REDAÇÃO

O início da contagem regressiva para uma declaração de guerra e um ultimato tanto para a ONU quanto para o Iraque. Assim analistas viram a declaração conjunta feita pelo presidente americano, George W. Bush, e pelos premiês Tony Blair (Reino Unido) e José María Aznar (Espanha), ciceroneados nos Açores pelo premiê português, José Durão Barroso.
Para Mustafa Alani, do Royal United Services Institute, de Londres, "eles sabem que Saddam Hussein não responderá a esse ultimato. Creio que foi basicamente uma apresentação da guerra, e não algo novo".
Alani diz ainda que o ultimato não foi só para Bagdá: "Foi um ultimato para dois. Um ultimato para o Conselho de Segurança e um ultimato para o Iraque". Se os alvos do ultimato não responderem positivamente, como Alani acredita que não responderão, "a contagem regressiva para a ação militar já começou".
Segundo Henry Kissinger, ex-secretário de Estado dos EUA, não foram apresentados novos argumentos. "E não era mesmo para apresentar novos argumentos. O que o presidente [Bush" fez -e o que Blair e Aznar fizeram- foi indicar que o tempo acabou: os que estiverem em cima do muro têm de descer e tomar partido."
"A mensagem que Bush estava mandando para Saddam Hussein era: "Esqueça, nós estamos indo atrás de você" ", disse Toby Dodge, da Universidade de Warwick, no Reino Unido.
A análise de Tim Ripley, da Universidade de Lancaster, também britânica, é de que a declaração conjunta foi um indicativo claro de que a ação militar vai se concretizar. "Significa guerra. Parece que ela virá, que eles já estão decididos a isso", afirmou o analista britânico.
Toby Dodge disse que Bush e Blair estão pagando para ver o "blefe francês". "Eles disseram algo como: "Usem o poder de veto, se quiserem. Iremos à guerra até o fim da semana"."
Rosemary Hollis, do Royal Institute of International Affairs, vai mais além: "Eles [Bush e Blair" devem dar 48 horas para que os inspetores e o pessoal diplomático saiam do Iraque. Mas, se eu fosse iraquiano, iria ficar esperando que as bombas começassem a cair a qualquer hora, a partir da noite de amanhã [hoje"".
Kissinger, que toma também como certo o ataque, afirmou que a eventual ocupação do Iraque não deve ser tomada como uma nova versão do imperialismo ocidental. Ele defende ainda que a ONU tenha um papel importante na reconstrução do país do Oriente Médio: "Ela [ONU" tem muito a fazer para ganhar de volta o seu senso de direção".


Com agências internacionais


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