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ANÁLISE
Contagem regressiva para a ação militar já começou
DA REDAÇÃO
O início da contagem regressiva
para uma declaração de guerra e
um ultimato tanto para a ONU
quanto para o Iraque. Assim analistas viram a declaração conjunta
feita pelo presidente americano,
George W. Bush, e pelos premiês
Tony Blair (Reino Unido) e José
María Aznar (Espanha), ciceroneados nos Açores pelo premiê
português, José Durão Barroso.
Para Mustafa Alani, do Royal
United Services Institute, de Londres, "eles sabem que Saddam
Hussein não responderá a esse ultimato. Creio que foi basicamente
uma apresentação da guerra, e
não algo novo".
Alani diz ainda que o ultimato
não foi só para Bagdá: "Foi um ultimato para dois. Um ultimato
para o Conselho de Segurança e
um ultimato para o Iraque". Se os
alvos do ultimato não responderem positivamente, como Alani
acredita que não responderão, "a
contagem regressiva para a ação
militar já começou".
Segundo Henry Kissinger, ex-secretário de Estado dos EUA,
não foram apresentados novos
argumentos. "E não era mesmo
para apresentar novos argumentos. O que o presidente [Bush" fez
-e o que Blair e Aznar fizeram-
foi indicar que o tempo acabou:
os que estiverem em cima do muro têm de descer e tomar partido."
"A mensagem que Bush estava
mandando para Saddam Hussein
era: "Esqueça, nós estamos indo
atrás de você" ", disse Toby Dodge, da Universidade de Warwick,
no Reino Unido.
A análise de Tim Ripley, da Universidade de Lancaster, também
britânica, é de que a declaração
conjunta foi um indicativo claro
de que a ação militar vai se concretizar. "Significa guerra. Parece
que ela virá, que eles já estão decididos a isso", afirmou o analista
britânico.
Toby Dodge disse que Bush e
Blair estão pagando para ver o
"blefe francês". "Eles disseram algo como: "Usem o poder de veto,
se quiserem. Iremos à guerra até o
fim da semana"."
Rosemary Hollis, do Royal Institute of International Affairs, vai
mais além: "Eles [Bush e Blair" devem dar 48 horas para que os inspetores e o pessoal diplomático
saiam do Iraque. Mas, se eu fosse
iraquiano, iria ficar esperando
que as bombas começassem a cair
a qualquer hora, a partir da noite
de amanhã [hoje"".
Kissinger, que toma também
como certo o ataque, afirmou que
a eventual ocupação do Iraque
não deve ser tomada como uma
nova versão do imperialismo ocidental. Ele defende ainda que a
ONU tenha um papel importante
na reconstrução do país do Oriente Médio: "Ela [ONU" tem muito
a fazer para ganhar de volta o seu
senso de direção".
Com agências internacionais
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