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GUERRA AO TERROR
Possível ataque ao Iraque tem alimentado o ódio aos EUA, atraindo muitos muçulmanos para a rede
Al Qaeda intensifica recrutamento de jovens
DON VAN NATTA JR.
DESMOND BUTLER
DO "THE NEW YORK TIMES", EM LONDRES
A Al Qaeda e outras organizações terroristas têm intensificado
seus esforços para recrutar jovens
muçulmanos, dizem serviços de
inteligência dos EUA e da Europa.
Esses grupos terroristas utilizam-se do ódio aos EUA, que tem crescido com a possível campanha
militar no Iraque.
Nas últimas semanas, autoridades nos EUA, na Europa e na África disseram ter evidências de que
militantes estão atuando em comunidades muçulmanas para
identificar e preparar uma nova
geração de terroristas. Uma invasão ao Iraque, segundo elas, provavelmente será um solo fértil para o recrutamento de pessoas dispostas a realizar atentados nos
EUA, na Europa e em Israel.
"Uma invasão americana no
Iraque já está sendo utilizada como ferramenta para recrutamento pela Al Qaeda e por outros grupos. E tem sido muito eficiente",
afirma uma autoridade experiente da inteligência dos EUA.
Outro agente americano baseado na Europa disse que o Iraque já
se tornou uma peça para o recrutamento da Al Qaeda.
Algumas informações sobre o
recrutamento da Al Qaeda vêm
dos interrogatórios de membros
da rede terrorista detidos e de material encontrado na casa onde
Khalid Sheikh Mohammed, número três da organização terrorista liderada por Osama bin Laden,
foi capturado neste mês no norte
do Paquistão.
O aumento no recrutamento de
membros para a Al Qaeda tem sido mais visível na Alemanha, no
Reino Unido, na Espanha, na Itália e na Holanda, afirmam os serviços de inteligência. Investigadores aumentaram o número de informantes e, em alguns casos, utilizam equipamentos de espionagem para monitorar mesquitas e
outros pontos de reunião onde
eles teriam percebido uma radicalização no discurso anti-EUA.
"Não posso citar números, mas
sabemos que essa atividade está
crescendo e a vontade de participar e de escutar mensagens radicais está crescendo", afirma Carl
Heinrich von Bauer, que é o chefe
do departamento responsável por
monitorar as atividades terroristas na Alemanha. Segundo ele,
muitas pessoas que "usavam
jeans passaram a se vestir com
roupas tradicionais e a deixar a
barba crescer".
Mulheres
Essas pessoas cooptadas são jovens, muitas convertidas ao islamismo e facilmente suscetíveis a
apelos pró-violência. Além disso,
muitas mulheres têm sido atraídas pela Al Qaeda, ainda que para
funções secundárias, de acordo
com funcionários da inteligência
americana e da européia.
"Temos verificado um crescimento no número de pessoas dispostas a usar a violência em nome
do islã desde os atentados de 11 de
setembro de 2001. E, especialmente, nos últimos meses, por
causa do Iraque e dos palestinos",
disse Jean-Louis Bruguière, principal investigador da Justiça francesa para casos de terrorismo.
Uma autoridade americana de
combate ao terrorismo disse que
a prisão de Mohammed mostrou
que ele estava profundamente envolvido com recrutamento de novos membros da Al Qaeda. Agora,
dizem, os serviços de inteligência
já estão entendendo melhor como
funciona essa operação.
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