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São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 2003

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GUERRA AO TERROR

Possível ataque ao Iraque tem alimentado o ódio aos EUA, atraindo muitos muçulmanos para a rede

Al Qaeda intensifica recrutamento de jovens

DON VAN NATTA JR.
DESMOND BUTLER
DO "THE NEW YORK TIMES", EM LONDRES

A Al Qaeda e outras organizações terroristas têm intensificado seus esforços para recrutar jovens muçulmanos, dizem serviços de inteligência dos EUA e da Europa. Esses grupos terroristas utilizam-se do ódio aos EUA, que tem crescido com a possível campanha militar no Iraque.
Nas últimas semanas, autoridades nos EUA, na Europa e na África disseram ter evidências de que militantes estão atuando em comunidades muçulmanas para identificar e preparar uma nova geração de terroristas. Uma invasão ao Iraque, segundo elas, provavelmente será um solo fértil para o recrutamento de pessoas dispostas a realizar atentados nos EUA, na Europa e em Israel.
"Uma invasão americana no Iraque já está sendo utilizada como ferramenta para recrutamento pela Al Qaeda e por outros grupos. E tem sido muito eficiente", afirma uma autoridade experiente da inteligência dos EUA.
Outro agente americano baseado na Europa disse que o Iraque já se tornou uma peça para o recrutamento da Al Qaeda.
Algumas informações sobre o recrutamento da Al Qaeda vêm dos interrogatórios de membros da rede terrorista detidos e de material encontrado na casa onde Khalid Sheikh Mohammed, número três da organização terrorista liderada por Osama bin Laden, foi capturado neste mês no norte do Paquistão.
O aumento no recrutamento de membros para a Al Qaeda tem sido mais visível na Alemanha, no Reino Unido, na Espanha, na Itália e na Holanda, afirmam os serviços de inteligência. Investigadores aumentaram o número de informantes e, em alguns casos, utilizam equipamentos de espionagem para monitorar mesquitas e outros pontos de reunião onde eles teriam percebido uma radicalização no discurso anti-EUA.
"Não posso citar números, mas sabemos que essa atividade está crescendo e a vontade de participar e de escutar mensagens radicais está crescendo", afirma Carl Heinrich von Bauer, que é o chefe do departamento responsável por monitorar as atividades terroristas na Alemanha. Segundo ele, muitas pessoas que "usavam jeans passaram a se vestir com roupas tradicionais e a deixar a barba crescer".

Mulheres
Essas pessoas cooptadas são jovens, muitas convertidas ao islamismo e facilmente suscetíveis a apelos pró-violência. Além disso, muitas mulheres têm sido atraídas pela Al Qaeda, ainda que para funções secundárias, de acordo com funcionários da inteligência americana e da européia.
"Temos verificado um crescimento no número de pessoas dispostas a usar a violência em nome do islã desde os atentados de 11 de setembro de 2001. E, especialmente, nos últimos meses, por causa do Iraque e dos palestinos", disse Jean-Louis Bruguière, principal investigador da Justiça francesa para casos de terrorismo.
Uma autoridade americana de combate ao terrorismo disse que a prisão de Mohammed mostrou que ele estava profundamente envolvido com recrutamento de novos membros da Al Qaeda. Agora, dizem, os serviços de inteligência já estão entendendo melhor como funciona essa operação.


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