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Bush faz apelo por união contra
os terroristas
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
O presidente americano, George W. Bush, exortou ontem a comunidade internacional a continuar "lado a lado" com os EUA na
guerra contra o terrorismo e a
manter o comprometimento com
a atual campanha no Iraque liderada por Washington.
O pedido foi feito durante encontro com o primeiro-ministro
da Holanda, Jan Peter Balkenende, dois dias depois de o novo líder espanhol, José Luis Rodríguez
Zapatero, anunciar a intenção de
retirar suas tropas do Iraque.
Assim como a Espanha, a Holanda tem hoje 1.300 homens no
Iraque e pretende retirar seus soldados em meados de 2004.
"É essencial que continuemos
todos lado a lado com o povo iraquiano. E nós concordamos que
um Iraque livre é essencial para a
conquista de um mundo mais seguro", disse Bush.
Balkenende respondeu apenas
que a comunidade internacional
deveria continuar "unida em sua
solidariedade e luta contra esses
terríveis ataques" -referindo-se
às ações terroristas da semana
passada em Madri.
Procurando evitar a diminuição
do apoio internacional, Bush
também afirmou ao seu colega
holandês na Casa Branca que a
campanha iraquiana faz parte da
guerra contra a rede terrorista Al
Qaeda, responsável pelos ataques
do 11 de Setembro e principal suspeita dos ataques em Madri.
"Gostaria de lembrar aos cidadãos holandeses que a Al Qaeda
tem interesses no Iraque por uma
razão: eles já sabem que o Iraque é
um novo front na guerra contra o
terror e que um Iraque livre espalhará a liberdade e a democracia
em várias regiões do Oriente Médio", afirmou Bush.
Antes do término do encontro,
Bush completou: "Agora, o primeiro-ministro terá de tomar a
decisão apropriada. Ele tem uma
escolha a ser feita".
Pesquisa
O apelo de Bush ocorreu no
mesmo dia em que uma pesquisa
realizada em nove países mostrou
os níveis mais baixos de apoio internacional aos EUA desde 2002,
quando o primeiro levantamento
do tipo foi feito. Os dados revelaram ainda níveis recordes no sentimento
antiamericano entre a população
de países islâmicos.
A pesquisa foi realizada pelo
Centro de Pesquisas Pew entre
8.000 habitantes de nove países
(EUA, Reino Unido, França, Alemanha, Rússia, Turquia, Paquistão, Jordânia e Marrocos) dias antes dos atentados de Madri.
"A conclusão básica é que estamos vivendo hoje em um mundo
dividido e perigoso onde os EUA
não são vistos como uma nação
confiável", disse à Folha Madeleine Albright, ex-secretária de Estado do governo Bill Clinton (1993-2001) logo depois da divulgação
da pesquisa.
No Reino Unido, na França e na
Alemanha, o apoio à política internacional norte-americana caiu
17, 26 e 23 pontos, respectivamente, entre 2002 e 2004.
Ao mesmo tempo, houve um
aumento significativo entre os
três países na cobrança por políticas externas "européias", independentes dos EUA.
Entre os países islâmicos, 70%
dos turcos, 66% dos marroquinos
e 70% dos jordanianos afirmaram
ser "justificáveis" ataques terroristas contra norte-americanos
em qualquer parte do mundo e
contra todo ocidental em solo iraquiano.
Os russos também aliaram-se às
populações dos quatro países islâmicos citados na pesquisa que esperam "uma piora" substancial
na situação dos iraquianos depois
da derrubada do ex-ditador Saddam Hussein.
"O cenário internacional hoje é
semelhante ao clima lá fora", disse Andrew Kohut, diretor do Pew,
referindo-se à chuva torrencial e
ao frio de -1C grau que envolviam Washington ontem.
Com exceção dos próprios
EUA, a maioria da população dos
demais oito países condenou a liderança de Bush, com taxas variando entre 57% (Reino Unido) a
96% (Jordânia).
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