São Paulo, terça, 17 de março de 1998

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Fatos comprovam denúncias da imprensa

de Washington

A divulgação de parte dos depoimentos prestados na ação por assédio sexual que Paula Jones move contra Bill Clinton e a entrevista de Kathleen Willey constituem um desagravo aos principais meios de comunicação dos EUA, sob ataque de críticos que têm considerado sua cobertura irresponsável.
Tudo que se revelou no fim-de-semana já havia sido publicado pelos mais importantes jornais, revistas e redes de TV do país. No entanto, como as informações haviam sido obtidas "off the records" (ou seja, sem que as fontes fossem identificadas), muitos duvidaram delas.
Muitos jornalistas condenaram a divulgação de fatos sem fontes nomeadas. Mas, na essência, as informações estavam corretas.
Por exemplo, a transcrição de trechos do depoimento de Clinton à juíza do caso Paula Jones revela que, como havia informado o "The Washington Post" semanas antes, várias vezes o presidente falou em tom de voz quase inaudível (seu advogado Robert Bennett o interrompe com frequência pedindo para ele falar mais alto).
Também como revelado antes, o presidente admitiu ter tido um encontro sexual com Genniffer Flowers -a cantora de cabaré e depois funcionária pública do Estado de Arkansas que quase fez naufragar a candidatura presidencial de Clinton, em 1992. Na época, Clinton negou suas acusações de que os dois haviam tido um caso.
A enfática negativa de Clinton de que tivesse beijado Kathleen Willey na boca ou colocado a mão sobre os seios dela também já havia sido publicada pelos jornais norte-americanos antes de ser lida pelo público no sábado. Essa negativa pode colocar o presidente em dificuldades legais, caso Willey prove que ele mentiu.
O secretário de redação do jornal "The Washington Post", Robert Kaiser, comemorou com um artigo autocelebratório a confirmação das notícias que seu jornal dera. O artigo, publicado na edição de domingo, se chama "Mais sobre nossas fontes e métodos".
Kaiser argumenta que os leitores podem confiar no "Post", que só publica informações, mesmo quando passadas "off the records", após tê-las cruzado com fontes diferentes e de estar seguro da sua veracidade. (CELS)



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