São Paulo, segunda-feira, 17 de abril de 2000


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VIOLÊNCIA
Luzes do local foram apagadas e gás tóxico, liberado em casa noturna frequentada por angolanos
Ataque mata 7 em discoteca de Lisboa

Associated Press
Angolanos depositam flores diante da porta da discoteca Luanda, em Lisboa, após ataque


das agências internacionais

Sete pessoas morreram e 65 ficaram feridas na madrugada de ontem depois de um ataque com duas bombas de gás tóxico em uma discoteca de Lisboa.
Entre os mortos havia seis imigrantes de origem africana- sendo quatro homens e duas mulheres- e uma turista espanhola.
No momento do ataque, às 4h30 (0h30 de Brasília), havia cerca de 500 pessoas na discoteca. "Houve tumulto e muitas pessoas foram esmagadas", declarou um policial.
Ainda não se sabe se as mortes ocorreram por intoxicação pelo gás ou em decorrência do empurra-empurra generalizado.
Segundo a médica Rita Peres, que assistiu os feridos, alguns deles apresentavam "dificuldades respiratórias e traumatismos causados pelo pânico".
A médica não deu nenhuma informação sobre o tipo de gás utilizado. Um policial, contudo, declarou tratar-se de gás pimenta.
A polícia da capital portuguesa declarou desconhecer as motivações do ataque, mas há fortes indícios de que se tratou de uma ação planejada.
As bombas foram colocadas em locais bem escolhidos, ao abrigo das câmaras internas da discoteca. Pouco antes da explosão, os agentes de segurança foram distraídos por uma série de chamadas telefônicas.
Em seguida, a eletricidade foi cortada, provocando pânico entre os frequentadores.
Para Susana Gomes, 20, que estava no local, o ataque "foi criminoso. Alguém sabia o que acontecia, porque as luzes se apagaram assim que começou o ataque".
Um segurança cogitou a hipótese de o ataque ter sido uma vingança promovida por pessoas impedidas de entrar na boate. Porém a hipótese de atentado não está descartada.

Elite angolana
Um dos locais mais badalados da capital portuguesa, a discoteca Luanda, no bairro portuário de Alcântara, era frequentada por altos funcionários da embaixada angolana e por filhos de militares e membros do atual governo do país africano de passagem por Portugal.
Com 10 milhões de habitantes, Portugal conta com cerca de 20 mil imigrantes angolanos em situação legal e cerca de 100 mil em situação irregular.
O ataque de ontem, contudo, não foi o pior do gênero ocorrido em Portugal. Há três anos, 13 pessoas morreram e outras 13 ficaram feridas quando homens armados invadiram a discoteca Mea Culpa, na cidade de Amarante, no norte do país, e a incendiaram.
As investigações conduzidas pela polícia provaram que o atentado havia sido ordenado pelo proprietário de uma boate rival.
Desde então, a imprensa portuguesa tem insistido para que o governo investigue os grupos que controlam os clubes noturnos do país, classificando-os de "verdadeiras máfias".



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