São Paulo, quarta-feira, 17 de abril de 2002

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Donos de TVs negam ter dado apoio a golpe

DA REDAÇÃO

Proprietários de meios de comunicação da Venezuela rebateram ontem as acusações de que teriam sido cúmplices do golpe que levou ao afastamento temporário do presidente Hugo Chávez, na semana passada.
Empresários e jornalistas dizem que a cobertura sobre os eventos dos últimos dias -os principais canais de TV exibiram apenas os protestos contra Chávez, mas não aqueles favoráveis a ele que ajudaram a reerguê-lo- é resultante da ameaça de violência contra a imprensa.
"Não houve desinformação", defendeu-se Alberto Federico Ravell, dono do canal de notícias Globovisión, órgão cujas duras críticas ao governo de Chávez lhe valeu o apelido de "Plomovisión" (chumbovisão). "Nós não podíamos expor nossos jornalistas devido ao alto grau de insegurança pelo qual passava o país."
De fato, grupos de manifestantes chavistas permaneceram durante o fim de semana em frente à sede de canais de TV, como RCTV e Venevisión. Seus jornalistas vêm sendo ameaçados em telefonemas anônimos.
Desde que tomou posse, em 1999, Hugo Chávez é alvo de duras críticas dos meios de comunicação. Antes de sua queda, na semana passada, ele chegou a tirar do ar as TVs que apoiavam a greve geral convocada pela oposição. O estopim da crise entre Chávez e as redes televisivas ocorreu na quinta-feira, quando as emissoras interferiram no seu pronunciamento em cadeia nacional.
Enquanto o presidente discursava, as TVs repartiram a tela ao meio para mostrar, simultaneamente, a multidão que pedia sua renúncia em protesto em Caracas.
Victor Ferreres, presidente da Venevisión, afirmou: "Em nenhum momento censuramos nossos jornalistas, não cortamos as suas reportagens".
Reempossado, Chávez criticou a forma como a TV venezuelana retratou a crise entre quinta-feira e sábado. Os jornais também foram acusados de tomar partido: quase todos eles não circularam entre sexta e domingo, em razão da falta de segurança, segundo seus diretores.


Com agências internacionais

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