São Paulo, quarta-feira, 17 de abril de 2002

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OEA apóia governo e critica golpistas

DO ENVIADO ESPECIAL

O secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), Cesar Gaviria, evitou criticar o governo da Venezuela e disse não ter dúvidas quanto à legitimidade do presidente Hugo Chávez.
Em missão especial da organização, Gaviria encontrou-se ontem com Chávez, representantes da igreja e oposicionistas. Os partidos de oposição foram colocados de urgência em sua agenda depois de acusarem o secretário-geral de limitar seus encontros a partidários de Chávez, que consideram um presidente ilegítimo.
"Não quero me intrometer na política interna do país, mas, para a OEA, o governo Chávez é o governo legítimo da Venezuela", respondeu Gaviria.
A missão da OEA fora determinada na última sexta-feira, quando os 35 países da organização condenaram a interrupção do regime democrático. "O que mais preocupou os embaixadores na OEA, além da prisão do presidente, foi a dissolução dos Poderes e a tentativa de caçar mandatos populares", disse ele, em referência à decisão dos golpistas de dissolver o Legislativo e as cortes de Justiça e anular mandatos de prefeitos e governadores chavistas.
Gaviria disse que não irá encontrar-se com golpistas, embora um dos objetivos de sua missão seja ajudar a pacificar o país. "Quanto a eles, minha única obrigação é tentar garantir que tenham tratamento digno e direito de defesa".
A importância da missão de Gaviria decorre da influência que a condenação da OEA teve na queda do governo provisório. Além disso, havia expectativas quanto a eventuais críticas que Gaviria pudesse fazer a Chávez, refletindo interesses norte-americanos.
Os EUA anunciaram ter votado a favor do envio de uma missão da OEA à Venezuela acreditando que ela iria fiscalizar os ataques de Chávez contra a imprensa e contra os direitos humanos.
Indagado se a ausência de críticas a Chávez iria desagradar aos EUA, Gaviria disse: "Sou um simples executor do que os países membros decidiram".
Ele concentrou suas críticas (leves) aos golpistas. Com relação a Chávez, apenas o instou a ampliar o diálogo com a sociedade. "Esses episódios agravaram a polarização, que tem que dar espaço à conciliação".(MA)


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