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EUROPA
Segundo sindicatos, 13 milhões de pessoas participaram de paralisação para protestar contra reformas trabalhistas
Milhões de italianos aderem a greve geral
DA REDAÇÃO
Milhões de italianos aderiram a
uma greve geral ontem para protestar contra reformas trabalhistas propostas pelo governo.
Os transportes aéreos e ferroviários pararam; escolas, bancos e
agências dos correios fecharam;
hospitais só prestaram serviços de
emergência; e linhas de montagem nas maiores fábricas do país
não funcionaram. Os grevistas,
grande parte deles carregando
bandeiras, encheram praças em
todo o país, apitando e gritando
slogans contra o governo.
Em Roma, o cineasta Roberto
Benigni ("A Vida É Bela"), falou a
manifestantes reunidos na praça
do Povo. "É uma grande manifestação", disse, sob aplausos e gritos
de aprovação. "Tudo é belo!"
"Todos que não forem Berlusconi pulem!", gritavam manifestantes em Florença -e saltavam.
Líderes sindicais disseram que o
premiê italiano, Silvio Berlusconi,
teria de recuar diante do "poder
do povo" e desistir de planos controversos para facilitar a demissão
de funcionários de empresas.
Berlusconi afirmou querer retomar negociações com os sindicatos, mas insistiu em que reformas são necessárias. "O governo quer
o diálogo, mas as reformas são necessárias. Há muita boa vontade.
Muitas coisas estão sobre a mesa,
e há muitas possibilidades de discussão", disse o premiê.
A polêmica em torno da proposta ficou mais emotiva no mês
passado, quando um de seus autores, o assessor do Ministério do
Trabalho Marco Biagi, foi morto
por extremistas de esquerda.
Os três maiores sindicatos italianos estimaram que cerca de 13
milhões dos 21 milhões de trabalhadores italianos aderiram à paralisação -a primeira greve geral
em tempo integral no país em 20
anos- e que ao menos 2 milhões
de pessoas participaram de manifestações de protesto. Mas, para
observadores independentes citados pela Reuters, os grevistas
eram cerca de 6 milhões.
"É um dia extraordinário", disse
o líder do CGIL, o maior sindicato
da Itália, Sergio Cofferati, em Florença. "Governo e empresários
perceberão que não pararemos
até atingirmos nossos objetivos."
O objetivo da greve era protestar contra uma parte da reforma
proposta por Berlusconi: um
ajuste no artigo 18 do código trabalhista da Itália, que obriga as
empresas a readmitir qualquer
pessoa demitida sem justa causa.
Companhias italianas afirmam
achar quase impossível demitir
funcionários sem entrar em longas e complexas negociações com
sindicatos, o que cria uma mentalidade de "empregos vitalícios"
que, segundo o governo, sufoca o
mercado de trabalho e prejudica o
desenvolvimento industrial.
Mas sindicatos e trabalhadores
dizem que o artigo 18 é a pedra de
toque dos direitos trabalhistas e
que as reformas podem ser o começo de seu fim. "Estamos protestando contra o governo com olhos no futuro. Há um risco de
termos de engolir leis muito piores que a reforma do artigo 18",
disse Martina Rafanelli, 18, que
balançava uma enorme bandeira
vermelha do CGIL em Florença.
As empresas começaram no fim
da tarde a estimar os prejuízos do
dia. O segundo maior sindicato da
Itália, CISL, disse que 90% dos
funcionários da Fiat e 85% dos da
Pirelli aderiram à greve. Mas, segundo a Fiat, a maior empregadora do setor privado da Itália, 50% de seus empregados pararam.
O Ministério do Trabalho declarou que esperaria sindicatos e empresários apresentarem propostas antes de retomar negociações.
Com agências internacionais
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