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DIÁRIO DE BAGDÁ
País ainda decide qual será a moeda
JUCA VARELLA E SÉRGIO DÁVILA
ENVIADOS ESPECIAIS
Os dias de Saddam Hussein estão contados.
![](http://www.uol.com.br/fsp/images/ep.gif)
Pelo menos nas cédulas da moeda local, o dinar iraquiano. Embora o ex-ditador ainda enfeite todas
as notas, da mais baixa (250 dinares) à mais alta (10 mil dinares), a
rejeição do povo, a queda do valor
da moeda e a presença maciça de
ocidentais no país fizeram o dólar
ganhar espaço nas transações.
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Acontece que os EUA não querem que a economia do Iraque seja dolarizada. Daria um tom "imperialista" demais e não pegaria
bem junto à opinião pública
mundial, avalia o Departamento
de Estado norte-americano.
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Que, por meio de 14 experts do
Departamento do Tesouro que
estão se dedicando só a essa questão, chegou à seguinte solução: o
chamado "dinar suíço". Trata-se
do dinheiro nacional que circulava apenas na região norte do país,
controlada pelos curdos. Em vez
de Saddam, traz a efígie de religiosos locais e tem esse nome pois as
notas foram impressas na Suíça.
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Acontece que há muito poucas
notas em circulação para atender
à demanda nacional. A sugestão,
avalia o Tesouro, seria oficializar
o "dinar suíço" e então encomendar novas cédulas. Tudo, claro,
depois do aval do governo provisório, que ainda não se dedicou à
questão.
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Enquanto isso, o dinar oficial, o
com Saddam, vive uma situação
paradoxal: desvaloriza-se a cada
dia como moeda (antes da guerra,
a cotação média nos hotéis era de
US$ 1 para 2.500 dinares iraquianos, agora, é de US$ 1 para 3.000)
e valoriza-se cada vez mais como
lembrança. Uma nota de 10 mil
dinares já saiu por US$ 150 no site
de leilão virtual eBay.
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Seja como for, o governo provisório da coalizão já decidiu que
vai pagar os trabalhadores temporários que contratar em dólar
mesmo, US$ 20 por dia. Estima-se
que 2 milhões de iraquianos, da
população de 26 milhões, fossem
funcionários públicos no regime
anterior. Grande parte destes deve ser utilizada agora para colocar
os serviços essenciais em ordem.
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O dinheiro ainda não vem do
governo norte-americano. Há
US$ 1,7 bilhão de saldo do programa da ONU Petróleo por Comida.
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O dinar pode estar em baixa entre a população, sim, mas nem
por isso os saqueadores deixaram
de atacar os bancos estatais. Só o
Rasheed foi pilhado dezenas de
vezes desde o fim de semana. Ontem, os novos policiais iraquianos, sempre acompanhados de
marines, chegaram a tempo de
pegar os últimos três ladrões,
quando estes deixavam o subsolo.
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Um dos policiais saiu atrás do
resto do bando. Voltou sem o carro e sem o cassetete, tomados pela
multidão. É que os soldados locais
ainda não estão autorizados pelos
norte-americanos a portar armas...
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Os saques em Bagdá também
chegaram ao zoológico da cidade.
Nos últimos dias, pessoas roubaram os patos que viviam na lagoa
local para comer. O resto dos animais não corre tanto perigo. Além
de um leão esquálido, o lugar
abriga somente dezenas de cachorros que foram abandonados
pela elite local quando velhos.
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Os saqueadores tentaram levar
um solitário camelo, mas o bicho
não passou pela cerca.
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Êxodo: deixaram a cidade ontem Geraldo Rivera, o repórter-showman da Fox News, e o grupo de malaios que foi sequestrado na
semana passada pela resistência
iraquiana, que os confundiu com
inimigos locais.
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