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Príncipe da Jordânia vê crise afetar seu país
UIRÁ MACHADO
ENVIADO ESPECIAL A AMÃ
Para o príncipe da Jordânia,
El Hassan bin Talal, a situação
dos refugiados deve ser olhada
com atenção não só pelo que
representa mas também por
suas conseqüências. Segundo
ele, é preciso se perguntar se as
cerca de 200 mil crianças refugiadas em seu país não são os
homens-bomba de amanhã.
A pergunta do príncipe, na
abertura da 15ª Conferência da
Academia da Latinidade, que
termina hoje, é retórica. Fez
parte de um discurso em que
buscou rejeitar o estereótipo de
que os árabes são uma "civilização da humilhação e do ódio".
A Jordânia, com 6 milhões de
habitantes, convive com mais
de 2,5 milhões de refugiados.
Os iraquianos -cerca de 700
mil- são considerados "visitantes" pelo governo e não têm
direito, entre outros, a seguro
de saúde nem a trabalho.
Pobre (PIB de US$ 14,1 bilhões), o país tem desemprego
de 15% (30% extra-oficialmente) e insuficiência de recursos
como petróleo e água. É nesse
contexto que o príncipe pergunta: "Se não acomodarmos
as 200 mil crianças refugiadas,
não estaremos fabricando os
homens-bomba de amanhã?".
A "invasão" iraquiana reforça
a visão anti-EUA na região. Algo delicado: a Jordânia é dos
poucos países árabes com relações com Israel e recebe ajuda
financeira dos EUA, seu aliado.
Para o governo, portanto,
não é fácil adotar um discurso
anti-EUA. Como não fala em
nome do governo, o príncipe
tem maior liberdade.
O jornalista UIRÁ MACHADO viajou a Amã a
convite da Academia da Latinidade.
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