São Paulo, terça-feira, 17 de abril de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Príncipe da Jordânia vê crise afetar seu país

UIRÁ MACHADO
ENVIADO ESPECIAL A AMÃ

Para o príncipe da Jordânia, El Hassan bin Talal, a situação dos refugiados deve ser olhada com atenção não só pelo que representa mas também por suas conseqüências. Segundo ele, é preciso se perguntar se as cerca de 200 mil crianças refugiadas em seu país não são os homens-bomba de amanhã.
A pergunta do príncipe, na abertura da 15ª Conferência da Academia da Latinidade, que termina hoje, é retórica. Fez parte de um discurso em que buscou rejeitar o estereótipo de que os árabes são uma "civilização da humilhação e do ódio". A Jordânia, com 6 milhões de habitantes, convive com mais de 2,5 milhões de refugiados.
Os iraquianos -cerca de 700 mil- são considerados "visitantes" pelo governo e não têm direito, entre outros, a seguro de saúde nem a trabalho. Pobre (PIB de US$ 14,1 bilhões), o país tem desemprego de 15% (30% extra-oficialmente) e insuficiência de recursos como petróleo e água. É nesse contexto que o príncipe pergunta: "Se não acomodarmos as 200 mil crianças refugiadas, não estaremos fabricando os homens-bomba de amanhã?".
A "invasão" iraquiana reforça a visão anti-EUA na região. Algo delicado: a Jordânia é dos poucos países árabes com relações com Israel e recebe ajuda financeira dos EUA, seu aliado. Para o governo, portanto, não é fácil adotar um discurso anti-EUA. Como não fala em nome do governo, o príncipe tem maior liberdade.


O jornalista UIRÁ MACHADO viajou a Amã a convite da Academia da Latinidade.


Texto Anterior: Conflito sectário desaloja 700 mil no Iraque
Próximo Texto: Vitorioso, Correa diz não querer pacto com oposição
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.