São Paulo, sábado, 17 de maio de 1997.



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Fidel é ainda o mais antigo dos ditadores

da Reportagem Local

Mesmo antes de Mobutu entregar o poder, o cubano Fidel Castro, no poder desde janeiro de 1959, continuava a ser o ditador em exercício de maior longevidade política -mais de 38 anos de regime que ele controla pessoalmente.
O título de longevo era até 1994 de Kim Il-sung, que, ao morrer, havia completado 49 anos no comando da Coréia do Norte. Ainda na historiografia comunista, Enver Hoxha (1908-1985) permaneceu 40 anos governando a Albânia.
Há na história recente outros ditadores que governaram mais tempo que Mobutu. Francisco Franco y Bahamonde (1892-1975) governou a Espanha por 36 anos. Permaneceu no poder dois anos a menos que um contemporâneo seu, o português Antônio de Oliveira Salazar (1889-1970).
Chiang Kai-chek (1887-1975), como homem-forte ou com o título de presidente, permaneceu no poder por 49 anos (tanto quanto o coreano Kim), controlando de início a China continental e depois apenas a ilha de Taiwan, onde se refugiou, e que se tornou a República da China, após a tomada de Pequim pelos comunistas de Mao Tse-tung.
Por sua vez, Mao (1893-1976) foi ditador de 1949 até sua morte. Ou seja, por 27 anos, além dos períodos em que dominou com o Exército Vermelho parcelas crescentes do subcontinente chinês.
Em termos comparativos, Josef Stálin foi ditador russo por 29 anos. Adolf Hitler permaneceu 12 anos na Alemanha, período bastante curto, diante dos efeitos do nazismo, com os estimados 50 milhões de mortos na Segunda Guerra Mundial. Benito Mussolini foi por 21 anos o ditador da Itália.
Excetuado Fidel, os ditadores ainda em evidência são de uma fornada totalitária mais recente.
Muammar Gaddafi participou do golpe que derrubou o rei Idris, da Líbia, em 1969. Hafez Assad governa Síria há 26 anos.
No Iraque, Saddam Hussein chegou ao poder em julho de 1979, o que lhe dá quase 18 anos de ditadura. Seu poder sobreviveu à Guerra do Golfo (1991) porque provavelmente o Ocidente continua a ver nele a única válvula eficaz contra a explosão, a partir do conflito entre xiitas e sunitas, do caldeirão muçulmano.
(JOÃO BATISTA NATALI)




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