São Paulo, sexta-feira, 17 de maio de 2002

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Parentes de vítimas organizam o primeiro protesto contra governo

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

A notícia de que o presidente George W. Bush havia sido avisado de possíveis sequestros de aviões envolvendo Osama bin Laden antes de 11 de setembro provocou revolta em parte dos parentes das vítimas do ataque terrorista em Nova York.
"Pela nossa segurança, queremos uma investigação para que isso nunca mais se repita", disse Kristen Breitweiser, da Families of September 11th (famílias de 11 de Setembro), ONG que reúne viúvas de Nova Jersey, Estado vizinho a Nova York.
A entidade foi uma das primeiras a se manifestar ontem e organiza o primeiro protesto de que se tem notícia contra a atuação das autoridades no episódio, marcado para acontecer em 11 de junho em frente ao Capitólio, sede do Legislativo, em Washington.
O objetivo é dar apoio a um projeto de lei dos senadores Joseph Lieberman (democrata, Estado de Connecticut) e John McCain (republicano, Arizona) que estabelece uma comissão nacional para investigar o ataque.
"Eles disseram que as informações obtidas eram incipientes, mas, uma vez que o quadro estava claro na manhã de 11 de setembro, por que não fizeram nada?", perguntou Breitweiser, que perdeu o marido nos atentados. "Por que permitiram que o presidente ficasse sentado com um grupo de alunos por 35 minutos enquanto seu país estava sob ataque?"
Mais radical é Carmen Shardone, do Brooklyn, em Nova York. "Não tenho fé em mais ninguém", disse ela, cujo irmão morreu com o choque do primeiro avião, deixando mulher e quatro filhos. "Culpo o governo. Se eles sabiam, por que não nos avisaram?"
Os protestos fizeram com que o prefeito da cidade, o republicano Michael Bloomberg, viesse a público defender seu companheiro de partido. "Estive com o vice-presidente Dick Cheney e posso dizer que é ultrajante achar que o presidente Bush não fez tudo o que estava a seu alcance sobre as ameaças terroristas", afirmou.
O prefeito anunciou o dia oficial em que a cidade encerrará os trabalhos de limpeza e busca nos escombros do World Trade Center: 30 de maio. Várias cerimônias estão programadas para ocorrer, mas o anúncio atraiu críticas.
É que até agora, apesar dos esforços no que já foi considerada a maior cena de crime do mundo, os corpos de apenas 1.025 das 2.823 vítimas foram recuperados. "Mas os esforços de identificação continuarão nos depósitos de entulho", disse Bloomberg.



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