São Paulo, sexta-feira, 17 de maio de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

GUERRA SEM LIMITES

Dezoito médicos da base de Bagram pegam a doença desconhecida; 350 pessoas estão em quarentena

Misteriosa febre afegã afeta britânicos

Associated Press
Militar britânico descansa dentro de uma ambulância na base aérea de Bagram, no Afeganistão


DA REDAÇÃO

O Reino Unido transportou ontem de volta para casa seis médicos integrantes de suas forças de manutenção de paz no Afeganistão. Eles apresentavam sintomas do que parece ser uma misteriosa febre contagiosa e uma infecção intestinal que já atingiu 18 britânicos que trabalhavam num hospital militar da base aérea de Bagram, perto da capital Cabul.
Duas outras pessoas já haviam sido embarcadas em vôos para a Europa nesta semana, sofrendo de febre alta, diarréia e vômitos. As autoridades suspeitam de que a doença seja resultante de intoxicação alimentar, mas não descartam outras possibilidades.
Cerca de 350 pessoas que estiveram no hospital em Bagram vêm sendo mantidas em quarentena.
"Trata-se claramente de uma situação muito séria", afirmou ontem no Parlamento, em Londres, o ministro da Defesa, Geoff Hoon, anunciando que serão convocados médicos e anestesistas reservistas para reforçar os quadros do hospital de Bagram.
"Isso tem todas as características de uma doença gastrointestinal", disse o médico do Ministério da Defesa britânico Lewis Moonie à rede BBC, afirmando ser "muito improvável" se tratar de uma ação terrorista com agentes biológicos.
Ele se disse otimista por não ter havido registro de novos casos "nas últimas 22 horas".
Um porta-voz das forças britânicas em território afegão, major Jeff Moulton, explicou que a intensidade dos sintomas dos afetados tem variado bastante. "Alguns só tiveram leves dores de estômago, enquanto outros têm chegado ao ponto de perder a consciência", declarou.
Os cerca de 1.700 militares do Reino Unido -enviados ao Afeganistão para manter a segurança em Cabul e para ajudar no combate a militantes da rede terrorista Al Qaeda e da milícia Taleban- são em geral alimentados com comida preparada no exterior, mas parte dos alimentos é adquirida no país.
Soldados de outros países da coalizão liderada pelos EUA não apresentam sinais da doença. Os médicos ainda não conseguiram descobrir a origem da infecção.
Nenhum dos soldados doentes participaram de ações militares ou de combates. Os britânicos seguem normas de precaução para evitar problemas de saúde, como tomar apenas água engarrafada, usar repelentes e inseticidas e adotar procedimentos de prevenção à malária.
Nos anos 80, o clima e as epidemias estiveram entre os principais motivos do fracasso da ocupação soviética do Afeganistão. De acordo com médicos britânicos, cerca de dois terços dos soldados russos tiveram de ser hospitalizados em razão de doenças ou ferimentos não relacionados à guerra.
Há atualmente cerca de 5.000 soldados de dez países vivendo na base aérea de Bagram. Desses, 2.700 são americanos. Um porta-voz das forças dos EUA disse que um de seus homens apresentou sintomas parecidos. "Acho que não é a mesma coisa. É claro, porém, que estamos observando todos com muito cuidado."

Com agências internacionais

Texto Anterior: Afegãos dizem que Bin Laden pode estar vivo
Próximo Texto: Paquistão pode ter achado corpo do repórter Pearl
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.