São Paulo, sábado, 17 de maio de 2008

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Apoio de China e Rússia fortalece Brasil na ONU

Itamaraty busca vaga no Conselho de Segurança

SAMY ADGHIRNI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Itamaraty comemorou ontem a conquista do apoio formal de China e Rússia à candidatura do Brasil a um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.
Como o governo brasileiro já tinha o respaldo declarado de França e Reino Unido, os Estados Unidos se tornam o único dos cinco membros permanentes do Conselho a não ter se declarado oficialmente a favor.
O apoio de Pequim e Moscou foi selado na declaração final da reunião ocorrida ontem, na cidade russa de Iekaterimburgo, dos chanceleres dos países do chamado Bric (Brasil, Rússia, Índia e China). As quatro maiores economias emergentes formalizaram no encontro a sua união em busca de uma atuação geopolítica conjunta.
O principal elo do Bric no plano diplomático é a rejeição do unilateralismo dos EUA.
"Montar um sistema internacional mais democrático fundado no império da lei e em uma diplomacia multilateral é um imperativo do nosso tempo", diz a declaração conjunta, que pede uma reforma para tornar a ONU "mais eficiente".
Nesse sentido, "os ministros de Rússia e China reiteram que seus países dão importância [a] Índia e Brasil nos assuntos internacionais e compreendem e apóiam as aspirações [dos dois países] em desempenhar um papel maior na ONU".
Como a Rússia já havia sinalizado apoio ao Brasil, o Itamaraty comemorou principalmente o endosso da China.
Em 2005, na primeira vez em que governo Lula pleiteou formalmente um assento permanente no conselho, o Brasil havia conjugado seus esforços aos de Alemanha, Índia e Japão em torno do G4. A articulação fracassou, em parte por causa da rejeição da China ao Japão.
Desta vez, o Itamaraty estima que a maioria dos países defende o mesmo modelo de reforma da ONU que o Brasil.
Um alto diplomata disse à reportagem que o apoio de China e Rússia terá um impacto "claro" nas conversas sobre o assunto. Ele também ressaltou que o ingresso do Brasil é uma questão de tempo.
Segundo a Folha apurou, a Casa Branca já declarou informalmente apoio ao Brasil. Mas o assunto só deve voltar à tona após a eleição presidencial americana, em novembro.
O Itamaraty aposta que os três presidenciáveis vêem com bons olhos a ambição brasileira, embora só o pré-candidato democrata Barack Obama tenha explicitado essa posição.


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