São Paulo, sábado, 17 de maio de 2008

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Número oficial de mortos em Mianmar supera os 77 mil

Anteontem, vítimas admitidas de ciclone eram 43 mil; ainda há 56 mil desaparecidos

ONU alerta que saldo pode aumentar caso junta militar continue a vetar pessoal estrangeiro; diplomatas visitarão região afetada

DA REDAÇÃO

O número oficial de mortes causadas pelo Nargis, ciclone que atingiu Mianmar há duas semanas, passou de 43.328 na quinta-feira para 77.738 ontem. A situação se agrava porque tempestades atingem a região do delta do rio Irrawaddy, uma das mais afetadas.
A TV local, controlada pela junta militar que governa o país desde 1962, informou que o número de desaparecidos passou para 55.917. Para a Cruz Vermelha, são 128 mil mortos.
O anúncio na TV deu a entender que 77.738 será o número final. "O Comitê Nacional de Gerenciamento de Desastres conduziu um trabalho de resgate e assistência, além de ter coletado dados, imediata e extensivamente após o ciclone. Por causa da operação de resgate e do clima, o número foi fechado em 15 de maio."
Para o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, as mortes aumentarão "dramaticamente" se os militares não permitirem mais ajuda estrangeira. A junta tem recebido apoio material, mas não de pessoal -ontem, um navio francês com 1.500 toneladas de suprimentos não foi autorizado a atracar em Yangun por Mianmar achar que era um "navio de guerra".
"Estamos num ponto crítico. A não ser que mais ajuda chegue ao país rapidamente, há o risco de uma explosão de doenças infecciosas. Esta não é a hora de política", disse Ban. A Organização Mundial de Saúde confirmou alguns casos de cólera, mas disse que o número é parecido com o do ano passado.
As chuvas que atingem o delta do Irrawaddy, onde centenas de cadáveres ainda bóiam, devem inundar a área, boa parte até agora isolada desde a passagem do Nargis. Sobreviventes estão em risco por faltarem abrigos, comida e água potável.

Visitas
Segundo Shari Villarosa, diplomata americana mais graduada em Mianmar, que estima em 100 mil os mortos, a junta levará hoje um grupo de diplomatas estrangeiros para o delta. Amanhã, John Holmes, braço direito de Ban para assuntos humanitários, irá a Mianmar pressionar os generais a concederem mais vistos de entrada.
Louis Michel, comissário europeu de Desenvolvimento e Ajuda Humanitária, voltou à Tailândia após uma visita de dois dias a Yangun "otimista" com a possibilidade de a junta deixar os estrangeiros terem um papel mais importante -mas sem nenhuma promessa.
"Estão tentados a responder positivamente a nossos pedidos, mas há certa suspeita sobre os estrangeiros e seus motivos." Segundo ele, mais de cem médicos de países vizinhos chegarão hoje a Mianmar.
A ONU informou que a junta emitiu 40 vistos para seus funcionários e outros 46 para agências não-governamentais, mas não será possível visitar o delta. "Um círculo se formou em torno de Yangun, e os expatriados estão confinados aqui", contou Tim Costello, presidente da australiana World Vision.


Com agências internacionais

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