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Número oficial de mortos em Mianmar supera os 77 mil
Anteontem, vítimas admitidas de ciclone eram 43 mil; ainda há 56 mil desaparecidos
ONU alerta que saldo pode aumentar caso junta militar continue a vetar pessoal estrangeiro; diplomatas visitarão região afetada
DA REDAÇÃO
O número oficial de mortes
causadas pelo Nargis, ciclone
que atingiu Mianmar há duas
semanas, passou de 43.328 na
quinta-feira para 77.738 ontem. A situação se agrava porque tempestades atingem a região do delta do rio Irrawaddy,
uma das mais afetadas.
A TV local, controlada pela
junta militar que governa o país
desde 1962, informou que o número de desaparecidos passou
para 55.917. Para a Cruz Vermelha, são 128 mil mortos.
O anúncio na TV deu a entender que 77.738 será o número final. "O Comitê Nacional de
Gerenciamento de Desastres
conduziu um trabalho de resgate e assistência, além de ter
coletado dados, imediata e extensivamente após o ciclone.
Por causa da operação de resgate e do clima, o número foi fechado em 15 de maio."
Para o secretário-geral da
ONU, Ban Ki-moon, as mortes
aumentarão "dramaticamente" se os militares não permitirem mais ajuda estrangeira. A
junta tem recebido apoio material, mas não de pessoal -ontem, um navio francês com
1.500 toneladas de suprimentos não foi autorizado a atracar
em Yangun por Mianmar achar
que era um "navio de guerra".
"Estamos num ponto crítico.
A não ser que mais ajuda chegue ao país rapidamente, há o
risco de uma explosão de doenças infecciosas. Esta não é a hora de política", disse Ban. A Organização Mundial de Saúde
confirmou alguns casos de cólera, mas disse que o número é
parecido com o do ano passado.
As chuvas que atingem o delta do Irrawaddy, onde centenas
de cadáveres ainda bóiam, devem inundar a área, boa parte
até agora isolada desde a passagem do Nargis. Sobreviventes
estão em risco por faltarem
abrigos, comida e água potável.
Visitas
Segundo Shari Villarosa, diplomata americana mais graduada em Mianmar, que estima
em 100 mil os mortos, a junta
levará hoje um grupo de diplomatas estrangeiros para o delta. Amanhã, John Holmes, braço direito de Ban para assuntos
humanitários, irá a Mianmar
pressionar os generais a concederem mais vistos de entrada.
Louis Michel, comissário europeu de Desenvolvimento e
Ajuda Humanitária, voltou à
Tailândia após uma visita de
dois dias a Yangun "otimista"
com a possibilidade de a junta
deixar os estrangeiros terem
um papel mais importante
-mas sem nenhuma promessa.
"Estão tentados a responder
positivamente a nossos pedidos, mas há certa suspeita sobre os estrangeiros e seus motivos." Segundo ele, mais de cem
médicos de países vizinhos
chegarão hoje a Mianmar.
A ONU informou que a junta
emitiu 40 vistos para seus funcionários e outros 46 para
agências não-governamentais,
mas não será possível visitar o
delta. "Um círculo se formou
em torno de Yangun, e os expatriados estão confinados aqui",
contou Tim Costello, presidente da australiana World Vision.
Com agências internacionais
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