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IRÃ NA MIRA
Teerã condiciona assinatura de protocolo nuclear a acesso à tecnologia ocidental; EUA rechaçam proposta
UE, Rússia e ONU reforçam pressão sobre Irã
DA REDAÇÃO
A ONU, a União Européia e a
Rússia uniram-se aos EUA na crítica ao programa nuclear iraniano
e exortaram Teerã a permitir inspeções mais rigorosas. Em contrapartida, a Chancelaria iraniana
anunciou ter aberto queixa contra
a interferência dos EUA em seus
assuntos domésticos, após Washington declarar apoio aos protestos contra o governo iraniano.
O egípcio Mohamed El Baradei,
diretor da AIEA (a agência nuclear da ONU), pediu ontem a
Teerã que assine um protocolo
adicional ao Tratado de Não-Proliferação Nuclear, do qual o país é
signatário, permitindo inspeções
mais minuciosas em seu programa nuclear e a coleta de amostras
para a verificação de radiação.
O Irã diz que o objetivo do seu
programa nuclear é pacífico, uma
fonte de energia alternativa, embora seja rico em petróleo e gás.
O programa nuclear do Irã, desenvolvido com ajuda russa, foi
um dos motivos que levaram os
EUA a incluírem o país no "eixo
do mal", com a Coréia do Norte e
o Iraque pré-guerra. Washington
acusa Teerã ainda de ajudar grupos terroristas e abrigar fugitivos
da rede terrorista Al Qaeda, e rejeita a influência do Irã xiita sobre
a maioria xiita iraquiana.
A Rússia, parceira do Irã na
construção da usina de Bushehr,
endossou o pedido da agência.
"Esperamos que nossa opinião
seja ouvida em Teerã", disse o representante russo na AIEA, Grigory Berdennikov.
Já os chanceleres dos países da
União Européia, reunidos em Luxemburgo, pediram a Teerã a ratificação "urgente e incondicional" do protocolo adicional como
condição para a assinatura de um
tratado comercial. A UE é a maior
parceira comercial do Irã.
El Baradei afirmou que o Irã
não declarou parte de suas atividade nucleares e do material nuclear que possui. Segundo ele, a
AIEA "está tomando as devidas
ações, com as autoridades iranianas, para corrigir essas falhas".
"Daremos continuidade a nossos esforços -por meio de discussões técnicas, inspeções e análises de amostras ambientais-
para entender todos os aspectos
do programa nuclear iraniano, incluindo a pesquisa e o desenvolvimento da conversão de urânio",
escreveu El Baradei em relatório.
Os EUA pressionam a agência
para declarar que o Irã violou o
tratado. Mas a AIEA, ainda que
manifeste preocupação com a situação, se limitou a exortar o país
a assinar o protocolo adicional.
"Montanha de gelo"
Para o representante iraniano
na AIEA, Ali Akbar Salehi, "a
questão teve motivação política".
Teerã declarou que só assinará o
protocolo se ganhar acesso à tecnologia nuclear ocidental.
Os EUA, no entanto, rechaçaram imediatamente a proposta de
Teerã. "Isso não é um ponto de
barganha", disse o porta-voz do
Departamento de Estado, Richard Boucher.
O aiatolá Khamenei, líder supremo do Irã, definiu ontem os
EUA como "uma montanha de
gelo derretendo" diante de "sérios
problemas" no Afeganistão, no
Iraque e na questão palestina,
"apesar de sua propaganda".
Ontem, a Chancelaria iraniana
anunciou uma queixa contra os
EUA por interferência em seus assuntos domésticos. Boucher, que
negou ter recebido reclamação
formal, declarou que "os EUA estão ao lado daqueles que pedem
mais direitos e liberdades no Irã".
Estuantes protestam há uma semana em Teerã contra o aiatolá
Khamenei e o presidente Mohammed Khatami. Enquanto
Khamenei é rechaçado por manter a linha dura do regime islâmico, Khatami, eleito sob a promessa de reformas, é acusado de
"trair" seus eleitores devido à falta
de avanços em seu governo.
Com agências internacionais
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