São Paulo, sábado, 17 de junho de 2006

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Suicida com sapato-bomba mata 10 e fere 30 no Iraque

Clérigo diz ter sido o alvo de atentado em mesquita de Bagdá e acusa Al Qaeda

Iraque pede que os EUA mantenham controle sobre as prisões do país, alegando que elas estão infiltradas pelas milícias árabes xiitas


DA REDAÇÃO

Um suicida que escondia uma bomba no sapato se explodiu dentro de uma das principais mesquitas xiitas de Bagdá durante as orações de ontem, matando ao menos 10 pessoas e ferindo cerca de 30.
O imã da mesquita Buratha, Jalal Eddin al Sagheer, disse ter sido o alvo do ataque e responsabilizou a Al Qaeda no Iraque, cujo líder Abu Musab al Zarqawi foi morto em um ataque aéreo na semana passada.
"A Al Qaeda está tentando recuperar algum respeito depois da morte do líder terrorista Abu Musab al Zarqawi atingindo um dos principais clérigos xiitas, mas eles falharão", disse Al Sagheer, que é membro da coalizão governista Aliança Iraquiana Unida.
O ataque foi um de uma série ontem, apesar da campanha do governo do premiê Nuri al Maliki para conter a violência com medidas drásticas de segurança, como a proibição de circulação de carros por quatro horas nas sextas-feiras e durante eventos religiosos.
Em Basra, homens armados mataram o clérigo árabe sunita Youssif al Hassan, um dos líderes da influente Associação de Clérigos Muçulmanos. No norte de Bagdá, um disparo de morteiro matou ao menos duas pessoas e feriu outras 16.
De acordo com o imã Al Sagheer, o suicida usava um sapato-bomba e se explodiu quando confrontado pelos guardas.
"Os explosivos foram introduzidos na mesquita em dois pares de sapatos. O primeiro foi achado graças a um detector de explosivos, e o segundo foi introduzido na sala de orações pelo suicida", afirmou. "Quando os guardas tentaram revistá-lo, ele se explodiu."
Mas o Ministério do Interior e a polícia especulam que o suicida estivesse usando um colete devido à escala de destruição provocada pela explosão.
É a segunda vez em cerca de dois meses que a mesquita de Buratha é alvo de um ataque suicida. No primeiro deles, em 7 de abril, quatro homens-bomba se explodiram, matando ao menos 85 pessoas.
O Exército dos EUA também responsabilizou o grupo de Al Zarqawi pelo ataque. Na terça-feira, o grupo havia divulgado uma nota prometendo vingar a morte do seu líder com ataques "nos próximos dias".
Os militares americanos afirmaram ainda ter capturado um homem identificado como xeque Aqeel, supostamente um dos comandantes da rede terrorista na cidade de Karbala.

Infiltração
Autoridades iraquianas pediram aos EUA que suspendam a transferência de controle de prisões ao Iraque, argumentando que elas estão infiltradas pelas milícias xiitas, publicou ontem o "Washington Post".
"Não conseguimos controlar as prisões. É simples assim", disse ao "Post" o vice-ministro da Justiça iraquiano, Pusho Ibrahim Ali Daza Yei, um curdo. "Nossas prisões estão infiltradas por milícias de cima a baixo, de Basra a Bagdá."
O vice-ministro se disse preocupado com a situação dos 1.797 presos árabes sunitas, que representam 90% da população carcerária em prisões sob o comando de um governo xiita.
O Exército americano confirmou que uma carta pedindo a suspensão da transferência foi enviada ao general John Gardner, responsável pelos centros de detenção no Iraque.
O Exército afirmou ainda que uma investigação sobre acusações de que marines mataram até 24 civis desarmados na cidade de Haditha no ano passado foi concluída e está sendo revisada pelo general Peter Chiarelli, um dos comandantes americanos no Iraque.
Ontem, a Câmara dos Deputados dos EUA aprovou uma resolução que rejeita a fixação de um cronograma para a retirada das tropas americanas do Iraque. A medida foi aprovada por 256 votos a favor e 153 contra.
"A retirada não é uma opção no Iraque", declarou o líder da maioria, John Boehner.
De acordo com o Pentágono, 2.500 soldados americanos foram mortos no Iraque desde o início da guerra, há três anos.


Com agências internacionais

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