São Paulo, sábado, 17 de junho de 2006

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Militantes rejeitam cessar-fogo do Hamas

Proposta fora feita pelo governo chefiado pelo grupo terrorista palestino; UE aprova pacote de ajuda

DA REDAÇÃO

Militantes do Hamas afirmaram ontem que não apóiam a proposta de cessar-fogo feita a Israel no dia anterior pelo próprio grupo terrorista palestino. Segundo Sami Abub Zuhri, porta-voz do Hamas, a oferta representa apenas o governo, e não o movimento -apesar de ele chefiar o gabinete desde março-, em mais uma indicação de desavenças internas.
"Não estamos interessados em fazer nenhuma oferta ou proposta", disse Abu Zuhri. "Quando a ocupação [israelense] parar com seus crimes, a facção poderá analisar a questão segundo os interesses da nossa população."
As Brigadas de Mártires de Al Aqsa, facção armada do Fatah -grupo do presidente palestino, Mahmoud Abbas-, e o Jihad Islâmico também rejeitaram a trégua. "Isso só levará a mais agressões", disse o líder político do Jihad, Khaled al Batsh.
O cessar-fogo parecia sinalizar um recuo do Hamas, cujo braço armado anunciara a volta de seus ataques contra Israel na semana passada, devido à morte de sete civis em Gaza -Israel foi acusado, mas nega ter responsabilidade.
Anteontem os israelenses ameaçaram atacar líderes do Hamas se o fogo continuasse. Militantes palestinos lançaram cinco mísseis contra Israel ontem, mas ninguém foi ferido. No revide, um palestino foi morto.

Pacote europeu
Os líderes da União Européia aprovaram ontem, em Bruxelas, um pacote de 100 milhões de euros (cerca de US$ 126 milhões) de ajuda aos palestinos, por meio de um "mecanismo" que fará com que o dinheiro não passe pelo Hamas. Serão feitos depósitos em contas individuais.
Segundo a UE, um acordo com os demais mediadores internacionais (EUA, ONU e Rússia) está muito próximo. Em Washington, a secretária de Estado Condoleezza Rice disse ser "importante ter um modo de as doações chegarem aos palestinos sem contribuir para o governo do Hamas".
O governo da Autoridade Nacional Palestina (ANP) sofre um embargo econômico desde que o Hamas chegou ao poder. A situação dos serviços essenciais é cada vez mais precária, e funcionários públicos ficaram sem receber por três meses.
A ANP comemorou a decisão da UE, mas pediu que ela reconsidere o boicote.
"Toda ajuda é bem-vinda", disse o negociador-chefe, Saeb Erekat, "mas pedimos que revejam o boicote e reiniciem a ajuda do modo que estava em vigor." Já o ministro da Informação, Youssef Rizka, do Hamas, disse que os europeus se curvaram às pressões dos Estados Unidos e adotaram uma "política hostil" para dividir os palestinos.
O fundo de ajuda será gerido pelo Banco Mundial e pela UE. Abbas fará a "ponte" entre as doações e a população. Israel apóia a idéia, mas disse que espera obter mais detalhes. O vice-premiê Shimon Peres diz que vai negociar com Abbas.


Com agências internacionais

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