MARCIO AITH
de Washington

O vice-presidente dos EUA, Al Gore, lançou oficialmente ontem sua pré-candidatura democrata à Presidência criticando o presidente Bill Clinton e usando um discurso marcado por tons conservadores, típicos de seus rivais republicanos.
Num evento realizado no Tennessee (sul), seu Estado natal, Gore disse que sua prioridade de campanha será o "fortalecimento da família" e repetiu palavras como "valores", "fé" e "família".
A estratégia de Gore parece ser a de distanciar-se de Clinton, sob a sombra do qual trabalhou durante quase sete anos. Horas depois do lançamento, Gore reforçou essa estratégia ao chamar de "imperdoável" a relação extraconjugal de Clinton com a ex-estagiária da Casa Branca Monica Lewinsky.
Em entrevista à rede de TV ABC, Gore fez suas mais duras críticas ao presidente desde o início do escândalo que originou o processo de impeachment contra Clinton.
"O que ele (Clinton) fez foi imperdoável e, particularmente como pai, obviamente senti que foi muito errado."
Questionado se havia acreditado no presidente quando, no ano passado, Clinton disse que não havia tido relações sexuais com Lewinsky, Gore disse: "Não gostei daquele momento".
O Partido Democrata vai definir seu candidato para as eleições presidenciais do ano 2000 no primeiro semestre do ano que vem. Gore não deve enfrentar rivais democratas capazes de derrotá-lo.
O comando da campanha do vice de Clinton estaria preocupado com a ascensão de seu principal rival (e atual líder nas intenções de voto) nas pesquisas, o republicano George W. Bush -governador do Estado do Texas e filho do ex-presidente George Bush, que antecedeu Clinton no cargo.
No final de semana passado, Bush começou sua campanha para outros Estados em grande estilo. Em seu avião particular, ele leva cerca de cem jornalistas que já fazem a cobertura diária de sua campanha cerca de um ano antes da confirmação oficial de sua candidatura pelo Partido Republicano.
A reação de Gore começou ontem com o lançamento de sua pré-candidatura. O vice-presidente disse ter sido co-responsável pelo período de expansão econômica recorde no país e pelas medidas que puseram fim ao déficit orçamentário. Mas afirmou que pretende combater outros tipos de déficit caso seja eleito: "Esses são nossos déficits agora: o déficit de tempo dentro da vida familiar, o déficit de decência na nossa cultura, o déficit de cuidado pelos nossos pequenos e pelos idosos".
Gore repetiu a promessa de restringir ainda mais a legislação sobre armas para acabar com "a cultura da violência e da desordem".


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