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EUA ampliam presença militar na Colômbia
Bogotá diz que está "perto" de fechar acordo que permitirá ao Pentágono usar três bases e provoca crítica interna e dos vizinhos
Washington deve levar ao
país atividades antidroga da base americana de Manta, no Equador, que Quito fecha hoje após dez anos de uso
DA REDAÇÃO
O governo da Colômbia
anunciou ontem que está "perto" de fechar um acordo com a
Casa Branca para aumentar a
presença militar dos EUA em
três bases colombianas, provocando críticas da oposição e dos
vizinhos esquerdistas.
A confirmação das negociações coincide com o encerramento, hoje, das atividades da
única base militar americana
formalmente instalada na
América do Sul, a de Manta, no
Equador.
O presidente equatoriano,
Rafael Correa, prometera desde a campanha eleitoral, em
2006, que não renovaria o contrato para o uso da base pelos
EUA, que expira neste ano. Em
2008, a nova Constituição do
país aprovou veto a qualquer
base estrangeira no Equador.
Desde 2006, então, os EUA
procuravam um local para
reinstalar as atividades de
Manta, de onde partiam os
aviões de monitoramento de
plantações de coca e das rotas
de narcotráfico, responsáveis,
segundo os EUA, por 60% das
apreensões de droga da região.
Ontem, o governo da Colômbia fez uma audiência pública
com a presença do chanceler, o
ministro do Interior e o ministro da Defesa para explicar as
conversas em curso com os
americanos, ante os pedidos de
maior transparência.
Segundo os funcionários, se o
acordo for fechado, a Colômbia
ampliará a presença americana
nas bases de Malambo, no norte, e Palanquero e Apiay, no
centro do país.
A Colômbia, que já é a maior
receptora de ajuda militar dos
EUA fora do Oriente Médio,
tem dito que as bases não serão
americanas, já que Bogotá terá
o controle das operações.
O governo de Álvaro Uribe
diz que não é necessária a aprovação do eventual acordo pelo
Congresso americano, uma vez
que o reforço se dará dentro
dos limites já estabelecidos pelos EUA no Plano Colômbia, de
combate ao narcotráfico e à
guerrilha: até 800 militares e
até 600 civis contratados.
Segundo o governo Uribe, os
EUA investirão até US$ 5 bilhões em instalações militares
que serão herdadas pela Colômbia, além de terem o compromisso de compartilhar informações de inteligência.
Segundo a Associated Press,
o acordo incluiria visitas "mais
frequentes" por navios americanos em duas bases navais no
Caribe. A Colômbia também
teria condições especiais para a
compra de armas e aviões.
Desconfiança regional
A audiência de ontem foi
marcada pelo esforço do governo em aplacar a desconfiança
interna e dos vizinhos, pouco
mais de um ano depois do ataque de Bogotá a um acampamento das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) no Equador.
Após o bombardeio, que provocou a mais grave crise diplomática regional em dez anos,
não faltaram insinuações de
que a Colômbia tinha contado
com ajuda americana.
"Os políticos latino-americanos que aceitam uma base militar americana são traidores da
sua pátria", disse em La Paz o
presidente boliviano, Evo Morales. Ele lembrou ter expulsado do país os funcionários da
DEA, num outro revés para as
atividades antitráfico dos EUA.
O general Freddy Padilla, ministro colombiano da Defesa,
repetiu ontem que das bases
não partirão missões que "projetem força" em direção a outros países. O Pentágono não
comentou as negociações.
No começo de abril, porém,
um documento da Força Aérea
dos EUA, apresentado num seminário militar no Alabama, citava que a base de Palanquero
poderia se transformar num
ponto de partida para operações de longo alcance. "Perto
de metade do continente pode
ser coberta pelo [avião] C-17
sem reabastecer" desde a base,
diz o documento.
"É um imenso erro diplomático", diz Rafael Pardo, ex-ministro da Defesa e pré-candidato do Partido Liberal, centrista,
à sucessão de Uribe.
Com agências internacionais
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