|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ANÁLISE
Mudança é faca de dois gumes para o Brasil
IGOR GIELOW
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para o Brasil, a concentração
da logística militar americana
baseada na América do Sul na
Colômbia tem duas consequências principais.
Primeiro, parece marcar um
retrocesso na lenta e gradual
infiltração de presença militar
de Washington na região. Para
os militares brasileiros, que
nunca gostaram de ver atividades deste tipo sob o manto generalizado de combate ao narcotráfico, é uma boa notícia.
Por outro lado, há um possível desenvolvimento desta concentração de recursos na Colômbia que não pode ser desprezado estrategicamente. E
não se trata da paranoia de que
"estão preparando a conquista
da Amazônia", que sempre pulula nessas ocasiões.
Trata-se de um acirramento
da polarização entre a Colômbia pró-americana e o "eixo bolivariano" comandado por Hugo Chávez. O venezuelano não
esconde as pretensões de influência além de suas fronteiras, vide sua atuação na crise
hondurenha. No ano passado, o
ataque colombiano às Farc
(Forças Armadas Revolucionárias Colombianas) no Equador
e a reação belicista de Caracas
deram um gostinho do que poderia acontecer no futuro.
Hoje isso é especulação. Não
é certo que os "bolivarianos"
sairiam da retórica e iriam às
vias de fato contra a Colômbia,
por qualquer motivo que seja,
com os EUA firmes por lá.
Mas se isso viesse a acontecer, o Brasil teria de lidar com
influxo de refugiados, possibilidade de ações dentro de sua porosa fronteira amazônica e,
principalmente, seria chamado
a assumir o papel natural de líder regional que costuma negligenciar. Mediar conflitos de
verdade em sua periferia é bem
diferente do que propor a paz
no Oriente Médio.
Texto Anterior: EUA ampliam presença militar na Colômbia Próximo Texto: EUA culpam corrupção por tráfico venezuelano Índice
|