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CRISE
Autoridades pedem a manifestantes que não desestabilizem governo; greve nos transportes acaba após 12 dias
Equador faz apelo por estabilidade
Reuters
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Blindado portege a sede do Executivo do Equador, em Quito, de atos contrários ao governo |
das agências internacionais
Autoridades do Equador fizeram ontem um apelo para que
grevistas e ativistas indígenas não
desestabilizem o governo do presidente Jamil Mahuad (Democracia Popular, centro).
O governo conseguiu um acordo ontem que encerrou a greve no
setor de transportes. O movimento parou o país por 12 dias e ganhou a adesão de outros setores.
A greve causou desabastecimento
e elevação de preços em até 20%.
Com o fim do movimento, voltam ao trabalho taxistas, motoristas de ônibus e caminhoneiros.
"Interessa-nos um país em
paz". afirmou o presidente Mahuad, ao anunciar o fim da greve.
Ontem, aderiram aos protestos
4.000 indígenas, que marcharam
em direção à capital, Quito, exigindo melhoras na educação e
nos serviços públicos e mudanças
no modelo econômico.
Os índios representam 40% da
população. Os manifestantes foram recebidos com bombas de
gás lacrimogêneo. Ontem, o governo afirmou caminhar para
acordo também com os índios.
"Estou certo de que podemos
chegar a um entendimento. Tenho certeza de que os índios terão
em mente que há o risco de serem
manipulados por facções que
crêem só poder atingir seus objetivos por meio de um golpe de Estado", afirmou o chanceler Benjamin Ortiz.
O governo acusa políticos da
oposição de estar incitando os
protestos. O prefeito de Guayaquil e ex-presidente (1984-188),
Léon Febres Cordero, do Partido
Social Cristão (oposição), convocou uma marcha para terça.
Ele quer a renúncia da ministra
das Finanças, a renegociação das
condições de pagamento da dívida externa e a revisão das condições do processo de privatização.
O ministro Defesa do Equador,
o general da reserva José Gallardo, também advertiu ontem para
o risco de golpe. "Estamos pedindo às pessoas para não subestimarem os estragos que isso está
causando ao país."
Para conter a crise, Mahuad
cancelou o último aumento do
preço dos combustíveis (de
13,1%, em julho), que desencadeou os protestos, e congelou o
valor aos níveis de 30 de junho.
Segundo a determinação presidencial, os preços não serão aumentados até dezembro. Ontem,
o presidente afirmou que o congelamento pode ser prorrogado.
Também serão renegociadas as
dívidas do setor de transportes.
O presidente decretou estado de
emergência por 60 dias na última
quarta, reeditando medida imposta em 5 de julho e derrubada
pelo Parlamento na última terça.
O estado de emergência dá poderes à polícia e ao Exército de prender manifestantes e expulsá-los
das ruas.
Durante os protestos, foram detidas 543 pessoas. Só em Quito,
108 pessoas foram feridas durante
choques com a polícia e os militares. Ontem, o Parlamento aprovou a anistia aos presos.
Analistas estimam que a economia do país já tenha sofrido perdas da ordem de US$ 210 milhões
com a paralisação.
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