São Paulo, Sábado, 17 de Julho de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

KOSOVO
Agência de refugiados diz que a proteção da minoria sérvia é o "ponto mais crítico" na Província hoje
ONU vê perseguição contra sérvios

das agências internacionais

Setores da maioria albanesa de Kosovo estão realizando uma campanha sistemática para matar, sequestrar e expulsar a minoria sérvia da Província iugoslava, geralmente em supostos atos de vingança contra atrocidades sofridas, disse o Acnur, agência da ONU para refugiados.
A proteção da minoria sérvia de Kosovo é "o ponto mais crítico no momento", afirmou Kris Janowski, porta-voz do Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados).
Segundo a agência, as ações mais violentas ocorreram na capital da Província, Pristina, nas cidades de Prizren e Orahovac e nas aldeias vizinhas. São regiões que sofreram algumas das piores agressões sérvias contra os kosovares de origem albanesa durante o conflito de Kosovo.
Antes dos ataques da Otan (aliança militar ocidental), iniciados em 24 de março, cerca de 10% dos habitantes de Kosovo eram de origem sérvia, na maioria cristãos ortodoxos. Os outros 90% tinham origem albanesa e eram majoritariamente muçulmanos.
A população total da Província era de cerca de 2 milhões de habitantes antes do conflito. Aproximadamente 900 mil kosovares de origem albanesa deixaram Kosovo durante o conflito. Mais de 700 mil já retornaram desde o final dos bombardeios da Otan, em 10 de junho, segundo o Acnur.
Membros de grupos humanitários atuando na Província se dizem espantados com a dimensão da violência contra os sérvios.
"Em Prizren, quase 50 casas de sérvios foram incendiadas em menos de uma semana, no que parece ser uma campanha sistemática", disse Janowski.
As forças da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) responsáveis pela segurança na Província estão tendo de proteger os sérvios 24 horas por dia.
No início da semana, mais de dez casas de sérvios e uma igreja ortodoxa foram incendiadas em Pristina. Na região de Mitrovica, grupos de idosos sérvios e ciganos (vistos pelos albaneses como aliados dos sérvios) foram expulsos de seus vilarejos.
Em Orahovac, os sérvios da cidade e das vilas da região estão concentrados em uma espécie de gueto na parte alta da cidade, sob proteção da Otan.
Cerca de 150 mil sérvios, de um total de 200 mil antes da guerra, chegaram a deixar a Província após o conflito temendo represálias dos albaneses. Apesar de intensa pressão dos líderes sérvios, poucos retornaram.
Eles estão instalados em condições precárias em cidades da Sérvia (República que, junto a Montenegro, forma a Iugoslávia) e são mais um foco de instabilidade do regime do presidente iugoslavo, Slobodan Milosevic.


Texto Anterior: Analista não vê risco de golpe
Próximo Texto: Rugova não vai a reunião
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.