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VENEZUELA
Ao cumprimentar o venezuelano, o presidente disse esperar "responsabilidade" dele e "serenidade" da oposição
Lula pede que Chávez tenha "humildade"
EDUARDO SCOLESE
ENVIADO ESPECIAL A SANTO DOMINGO
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva cobrou ontem "humildade"
e "responsabilidade" do presidente venezuelano, Hugo Chávez,
e "serenidade" de seus opositores.
Lula -que deve se encontrar
com Chávez em 15 de setembro,
no Brasil- se declarou "alegre" e
"satisfeito" com o processo da
consulta popular que poderia revogar o mandato de Chávez. Uma
delegação do PT esteve em Caracas para apoiar o venezuelano.
O Planalto, porém, se disse
"neutro". Chávez sempre foi muito próximo de Lula, mas recentemente a relação esfriou.
"Acho que quem ganhou tem
de ter muita humildade, e quem
perdeu tem de ter muita serenidade. E falo isso de cátedra, porque
vocês sabem que eu perdi três
eleições [1989, 1994 e 1998] no
Brasil e em nenhum momento eu
perdi a noção de tempo da democracia. O importante agora é os
vencedores saberem que terão
muito trabalho e responsabilidade", disse, em Santo Domingo
(República Dominicana).
Lula enalteceu a participação
brasileira no processo e fez uma
crítica indireta aos EUA, ao dizer
que os problemas mundiais podem ser resolvidos pela "conversa". Disse que conversou com
Chávez e agradeceu o "respeito"
que ele teve pelas decisões do
Grupo de Amigos da Venezuela.
Segundo Lula, que hoje participa de reunião de cúpula com chefes de Estado da América Central
e do Caribe em Santo Domingo,
"não há vencedores nem perdedores" na Venezuela.
"Eu acho que o povo da Venezuela ganhou. Ganhou por sua
auto-afirmação, ganhou porque
consolidou um processo democrático e ganhou porque conseguiu provar ao mundo que a paz e
a democracia ainda são os grandes caminhos para resolver os
problemas da humanidade."
Em seguida, fez outras críticas
indiretas aos EUA. "Estão dadas
as condições para que a gente
possa vender essa mensagem ao
mundo: uma boa conversa vale
mais que o envio de uma tropa ou
que um tiro de canhão."
Lula afirmou que a Venezuela
pode servir de "exemplo" para
uma maior integração "comercial, cultural e política" entre os
países da América do Sul. "Acho
que a Venezuela sai deste episódio mais fortalecida. Acho que ganha o povo da Venezuela com essa experiência democrática exemplar. E acho que o Grupo de Amigos [Brasil, EUA, México, Espanha, Portugal e Chile] deu uma
demonstração de que, quando há
vontade política, paciência e perseverança, consolidamos coisas
que parecem impossíveis."
Outros chefes de Estado sul-americanos cumprimentaram
Chávez. Álvaro Uribe (Colômbia)
disse que a Venezuela deu ao
mundo uma "bela lição" de democracia. Néstor Kirchner (Argentina) expressou sua satisfação.
Na Bolívia, o líder cocaleiro Evo
Morales disse que a vitória de
Chávez "é o triunfo de todo o povo latino-americano contra o modelo econômico" e afirmou: "Não
temos só um comandante como
Fidel Castro, temos outro comandante das forças libertárias da
América Latina, Hugo Chávez".
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