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QUEM É
Chávez é populista de esquerda com dinheiro para sê-lo
JUAN JESÚS AZNÁREZ
DO "EL PAÍS", EM CARACAS
O presidente venezuelano,
Hugo Chávez, 50, é um militar promotor de governos cívico-militares, um devoto
do libertador Simon Bolívar
(1783-1830) e da integração
latino-americana e, fundamentalmente, um populista
de esquerda com dinheiro
para sê-lo.
A decomposição do bipartidarismo imperante durante 40 anos permitiu-lhe ganhar a Presidência em 1998,
e os multimilionários fundos
petrolíferos investidos em
programas sociais deram-lhe a vitória anteontem.
O generoso paternalismo
de Estado com compatriotas
pobres -cerca de 70% dos
25 milhões de venezuelanos- foi determinante em
sua vitória eleitoral. No ano
anterior ao plebiscito, mais
de US$ 3 bilhões foram gastos em alimentos subsidiados, casas, escolas e remédios. O caixa da estatal Petróleos de Venezuela
(PDVSA) foi a principal ferramenta de Chávez na última e eficaz campanha de
"distribuição de dividendos
entre o povo".
Chávez foi político, conspirador e catequista bolivariano nas fileiras castrenses.
O lema de seu golpe de 1992,
lançado contra o "selvagem
neoliberalismo" e "a corrupção das oligarquias", ainda
sobrevive, arraigado na
crença de que o país é muito
rico e de que a pobreza é
conseqüência do sistemático
roubo de petróleo pelos políticos e seus cúmplices no
mundo dos negócios.
A retórica caudilhista e
transgressora de Chávez, o
rosto amulatado de tribuno
de boina vermelha, semelhante ao da maioria de seus
eleitores, a incorporação do
ataque a George W. Bush em
suas arengas, queimaram
como carvão nos subúrbios
venezuelanos.
"Pode ser populista ou o
que seja, mas, pela primeira
vez, o dinheiro do petróleo
vem para nossos bolsos",
proclamam os habitantes
dos cerros.
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