São Paulo, quinta-feira, 17 de agosto de 2006

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Israel ameaça parar retirada se tropas libanesas e internacionais demorarem

MICHEL GAWENDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE TEL AVIV

O chefe do Estado-Maior israelense, Dan Halutz, disse ontem que o país vai interromper a retirada de suas tropas do sul do Líbano, programada para terminar em dez dias, se o Exército libanês não começar a assumir o controle da região.
O país deve manter também o bloqueio aéreo de marítimo ao Líbano até que sejam adotadas medidas para evitar que o Hizbollah se rearme. "A retirada em dez dias depende do envio do Exército libanês", disse Halutz ao comitê de Defesa do Parlamento israelense. "Se o Exército libanês não descer para o sul dentro de alguns dias... considero que devemos parar."
Israel já retirou parte dos 30 mil soldados que mantinha no Líbano, mas exige que a região seja controlada pelo Exército libanês e, depois, por tropas internacionais, seguindo resolução aprovada pela ONU. Oficiais dizem que o Exército poderá manter soldados no Líbano durante "meses".
Em Nova York, a chanceler israelense, Tzipi Livni, disse que a guerra contra o Hizbollah não vai terminar até a libertação dos dois soldados seqüestrados pelo grupo no último dia 12 -estopim para o conflito que, em um mês, deixou mais de 800 mortos do lado libanês e mais de 150 do israelenses.
"Parte da resolução do Conselho de Segurança pede a libertação incondicional e imediata dos soldados", disse ela após encontro com o secretário-geral da ONU, Kofi Annan. Livni pediu que as forças das Nações Unidas sejam "robustas e efetivas" e que a comunidade internacional e o governo do Líbano impeçam Irã e Síria de transferir armas e dinheiro ao Hizbollah. "Não depende só de Israel. A bola está também com a comunidade internacional."

Apoio interno
O principal assunto em Israel é a condução da campanha militar. Halutz e o premiê Ehud Olmert são os mais criticados. O militar vendeu suas ações horas depois do seqüestro dos soldados, levantando suspeitas de uso de informação privilegiada, pois a bolsa caiu mais de 8% nos primeiros dias de guerra.
Halutz afirma que no momento não sabia que haveria um conflito maior, mas, mesmo assim, militares e políticos questionam como ele pôde ter se preocupado com finanças pessoais quando o norte do país estava sob ataque. Também há muitas críticas em relação ao treinamento e ao equipamento dos reservistas.
Pesquisa do jornal "Yediot Ahronot", o mais vendido, mostra que 84% da população acha que o governo não atuou bem. Dos entrevistados, 57% afirmam que o ministro Amir Peretz deve se demitir, 41% crêem que Olmert deve deixar o cargo, e 42% entendem que Halutz tem de sair. Em relação ao cessar-fogo, 70% da população acha que Israel não deveria ter aceito a trégua. O jornal disse que foi consultada "uma amostra representativa da população judaica adulta de Israel" e que a margem de erro é de 4,5 pontos para cima ou para baixo.
Já uma pesquisa do jornal "Maariv" mostra que a satisfação com Olmert caiu de 78% para 40% com a crise, e com Peretz, de 61% para 28%.

Protesto
A comunidade brasileira em Israel convocou um protesto para amanhã, diante da Embaixada do Brasil em Tel Aviv, para exigir do governo Lula "uma posição firme contra os que pedem a destruição do país".


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