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Israel ameaça parar retirada se tropas libanesas e internacionais demorarem
MICHEL GAWENDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE TEL AVIV
O chefe do Estado-Maior israelense, Dan Halutz, disse ontem que o país vai interromper
a retirada de suas tropas do sul
do Líbano, programada para
terminar em dez dias, se o
Exército libanês não começar a
assumir o controle da região.
O país deve manter também
o bloqueio aéreo de marítimo
ao Líbano até que sejam adotadas medidas para evitar que o
Hizbollah se rearme. "A retirada em dez dias depende do envio do Exército libanês", disse
Halutz ao comitê de Defesa do
Parlamento israelense. "Se o
Exército libanês não descer para o sul dentro de alguns dias...
considero que devemos parar."
Israel já retirou parte dos 30
mil soldados que mantinha no
Líbano, mas exige que a região
seja controlada pelo Exército
libanês e, depois, por tropas internacionais, seguindo resolução aprovada pela ONU. Oficiais dizem que o Exército poderá manter soldados no Líbano durante "meses".
Em Nova York, a chanceler
israelense, Tzipi Livni, disse
que a guerra contra o Hizbollah
não vai terminar até a libertação dos dois soldados seqüestrados pelo grupo no último dia
12 -estopim para o conflito
que, em um mês, deixou mais
de 800 mortos do lado libanês e
mais de 150 do israelenses.
"Parte da resolução do Conselho de Segurança pede a libertação incondicional e imediata dos soldados", disse ela
após encontro com o secretário-geral da ONU, Kofi Annan.
Livni pediu que as forças das
Nações Unidas sejam "robustas
e efetivas" e que a comunidade
internacional e o governo do
Líbano impeçam Irã e Síria de
transferir armas e dinheiro ao
Hizbollah. "Não depende só de
Israel. A bola está também com
a comunidade internacional."
Apoio interno
O principal assunto em Israel
é a condução da campanha militar. Halutz e o premiê Ehud
Olmert são os mais criticados.
O militar vendeu suas ações horas depois do seqüestro dos soldados, levantando suspeitas de
uso de informação privilegiada,
pois a bolsa caiu mais de 8% nos
primeiros dias de guerra.
Halutz afirma que no momento não sabia que haveria
um conflito maior, mas, mesmo
assim, militares e políticos
questionam como ele pôde ter
se preocupado com finanças
pessoais quando o norte do país
estava sob ataque. Também há
muitas críticas em relação ao
treinamento e ao equipamento
dos reservistas.
Pesquisa do jornal "Yediot
Ahronot", o mais vendido, mostra que 84% da população acha
que o governo não atuou bem.
Dos entrevistados, 57% afirmam que o ministro Amir Peretz deve se demitir, 41% crêem
que Olmert deve deixar o cargo,
e 42% entendem que Halutz
tem de sair. Em relação ao cessar-fogo, 70% da população
acha que Israel não deveria ter
aceito a trégua. O jornal disse
que foi consultada "uma amostra representativa da população judaica adulta de Israel" e
que a margem de erro é de 4,5
pontos para cima ou para baixo.
Já uma pesquisa do jornal
"Maariv" mostra que a satisfação com Olmert caiu de 78%
para 40% com a crise, e com Peretz, de 61% para 28%.
Protesto
A comunidade brasileira em
Israel convocou um protesto
para amanhã, diante da Embaixada do Brasil em Tel Aviv, para
exigir do governo Lula "uma
posição firme contra os que pedem a destruição do país".
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